Boicote liderado por Brasil e aliados
O premiê israelense Benjamin Netanyahu foi recebido com vaias ao subir ao púlpito da Assembleia Geral da ONU, nesta sexta-feira (26). Delegações de diversos países, incluindo o Brasil, deixaram o plenário em protesto antes mesmo do início da fala.
A ação foi articulada por diplomatas brasileiros e de outras nações como resposta ao descumprimento de decisões do Tribunal Penal Internacional (TPI) e da Corte Internacional de Justiça (CIJ). “O ato foi pensado como resposta ao descumprimento das decisões”, afirmou um embaixador brasileiro.
Negação do genocídio e promessa de guerra
Em seu discurso, Netanyahu prometeu prosseguir a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, dirigindo palavras aos reféns ainda sob poder do grupo palestino. Ele negou as acusações de genocídio e de fome deliberada contra a população civil, apesar de denúncias e resoluções apresentadas por dezenas de países e organismos internacionais.
“Israel é sempre acusado de fome deliberada em Gaza, quando na verdade está alimentando o povo de Gaza”, disse, tentando inverter a acusação. O premiê ainda alegou que a proporção de mortes entre combatentes e civis seria “baixa”, argumento rejeitado por especialistas em direito internacional.
“Finalizar o serviço” e exaltação a Trump
Netanyahu declarou que Israel vai “finalizar o serviço” contra o Hamas e agradeceu o apoio do ex-presidente Donald Trump. Ele ainda exaltou o ataque dos Estados Unidos a depósitos nucleares do Irã, classificando-o como ato de bravura.
“Não terminamos ainda. Os elementos finais do Hamas ainda estão na Cidade de Gaza. Eles querem repetir as atrocidades de 7 de outubro de novo e de novo. É por isso que Israel precisa terminar o trabalho”, disse o premiê, reforçando a continuidade da ofensiva militar.
Ataque a países que reconheceram a Palestina
O premiê atacou líderes que reconheceram o Estado Palestino, chamando a decisão de “antissemita” e “marca de vergonha”. Para Netanyahu, a medida apenas “encoraja o terrorismo contra judeus e inocentes de todo o mundo”.
A crítica reforça o isolamento diplomático de Israel diante da crescente pressão internacional por um cessar-fogo e pelo reconhecimento da Palestina como Estado soberano.
Discurso transmitido em Gaza
O governo israelense determinou a transmissão ao vivo do discurso para a Faixa de Gaza, por meio de alto-falantes instalados em caminhões militares. Segundo o Ministério da Defesa de Israel, a transmissão foi feita a partir do lado israelense da fronteira.
Enquanto Netanyahu falava, a realidade em Gaza continuava dramática: mais de 65 mil mortos, cidades em ruínas e uma crise humanitária denunciada em sucessivos pronunciamentos na ONU.

