Washington, 15 de julho de 2025 — O novo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, ameaçou impor sanções ao Brasil se o país não pressionar a Rússia a negociar a paz na Ucrânia. A declaração foi feita ao lado de Donald Trump, em tom de advertência direta aos países do Brics.
Otan assume papel de polícia econômica a serviço de Trump
A visita de Mark Rutte aos Estados Unidos, nesta terça-feira (15), formalizou uma perigosa fusão entre a diplomacia armada da Otan e a lógica unilateral de Donald Trump. Em encontro com o presidente norte-americano e congressistas republicanos, o ex-premiê holandês lançou um ultimato: caso Rússia e Ucrânia não avancem nas negociações de paz nos próximos 50 dias, países como Brasil, Índia e China poderão sofrer sanções secundárias.
As palavras de Rutte não foram vagas nem diplomáticas. “Você pode querer ligar para Putin. Pode te atingir muito forte”, disse o secretário-geral, em referência direta aos três maiores países do Sul Global. A ameaça reativa a proposta feita por Trump na véspera, que previa tarifas de até 100% sobre produtos russos e sanções a países considerados “coniventes”.
Brasil entra oficialmente na mira do eixo EUA-Otan
Essa não é uma hipótese remota. O Brasil já se encontra sob represália econômica. Em junho, Trump anunciou tarifa de 50% sobre importações brasileiras, medida com aplicação prevista para 1º de agosto. A alegação do governo dos EUA, reiterada por assessores e apoiadores da extrema-direita, é que o Brasil estaria perseguindo o ex-presidente Jair Bolsonaro por meio do Judiciário.
Em carta enviada ao presidente Lula (PT), Trump sugeriu que o tarifaço se deve a uma “violação da liberdade de expressão de americanos” e à suposta hostilidade do Brasil em relação às eleições. Nenhuma prova foi apresentada.
Governo Lula reage à ingerência com firmeza inédita
Diante da escalada verbal, o Itamaraty divulgou nota dura contra a retórica hostil de Washington. O comunicado, assinado pelo ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, acusa os EUA de “intromissão indevida e inaceitável” em assuntos internos.
“O governo brasileiro deplora e rechaça, mais uma vez, manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada daquele país em Brasília”, afirma o texto. A nota também lembra que os dois países celebram 200 anos de relações diplomáticas, e que esse histórico de respeito está sendo corroído por “acusações infundadas e pressões inaceitáveis”.
Trump empurra Otan para o autoritarismo globalizado
A nova gestão de Trump avança para consolidar uma Otan que não se limita mais à Europa. Com Mark Rutte à frente, a aliança militar se reposiciona como braço geopolítico do trumpismo. Os alvos: os países do Brics que se recusam a se alinhar automaticamente às decisões unilaterais da Casa Branca.
A fala do ex-premiê holandês é reveladora. Ele não sugere diálogo, nem cooperação — apenas pressão. E exige que países com soberania reconhecida tomem partido em uma guerra em que não são protagonistas.
A tentativa de intimidar o Brasil, a China e a Índia reforça a divisão do mundo em blocos hostis. E denuncia o fracasso do Ocidente em aceitar a multipolaridade como realidade geopolítica irreversível.
Perguntas e Respostas
Quem é Mark Rutte?
É o ex-primeiro-ministro dos Países Baixos e atual secretário-geral da Otan, aliado de longa data de Donald Trump.
O que são sanções secundárias?
São punições econômicas aplicadas a países que negociam com nações já sancionadas, como a Rússia, mesmo que esses países não estejam diretamente envolvidos no conflito.
O Brasil será sancionado pela Otan?
Ainda não há sanções oficiais, mas Rutte deixou claro que isso poderá ocorrer caso o país não pressione a Rússia por acordos de paz.
Qual foi a reação do governo Lula?
O Itamaraty emitiu nota diplomática acusando os EUA de ingerência e classificou as ameaças como inaceitáveis e injustificadas.
O que Trump tem a ver com isso?
Trump tem usado a guerra da Ucrânia como justificativa para medidas comerciais unilaterais. Agora pressiona aliados e organismos multilaterais a aderirem à sua linha.