Os ataques dos Estados Unidos e de Israel contra instalações nucleares no Irã acenderam um alerta global sobre o risco de contaminação ambiental no Golfo Pérsico. Embora a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informe que não houve aumento de radiação fora das áreas bombardeadas, especialistas apontam riscos sérios à saúde pública e ao meio ambiente.
O bombardeio destruiu parte das estruturas em Fordow, Natanz e Isfahan, três dos principais centros do programa nuclear iraniano. Segundo informações oficiais, os maiores riscos no momento estão ligados à liberação de compostos tóxicos, como o hexafluoreto de urânio (UF6) — altamente corrosivo e perigoso se inalado, mas com baixa radioatividade fora das instalações.
O risco de uma catástrofe radiológica no Golfo
Apesar de os ataques não terem provocado vazamentos nucleares até agora, o temor recai sobre um possível ataque ao reator de Bushehr, localizado na costa iraniana. Uma ofensiva nesse local poderia resultar em um desastre ambiental de proporções catastróficas, segundo alertaram especialistas ouvidos por agências internacionais.
A ameaça não se restringe ao Irã. Países como Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Arábia Saudita dependem fortemente das usinas de dessalinização localizadas no litoral do Golfo Pérsico para garantir água potável.
O Diário Carioca apurou que mais de 80% da água potável consumida nos EAU vem da dessalinização. No Catar e no Bahrein, esse número chega a 100%.
Um vazamento radioativo na região colocaria em risco essas unidades, interromperia o fornecimento de água doce e causaria uma crise humanitária sem precedentes em pleno Oriente Médio.
O Conselho do Golfo em alerta máximo
O Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) já colocou seus planos de emergência em ação. Navios-tanque de água potável estão sendo preparados, e sistemas alternativos de abastecimento estão sendo acionados.
A escalada militar também elevou a tensão sobre o comércio global de petróleo, que já sofre os impactos do possível bloqueio do Estreito de Ormuz, aprovado pelo Parlamento iraniano neste domingo, aguardando apenas a decisão final do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
O precedente histórico e o risco invisível
Esta não é a primeira vez que o mundo se vê às portas de uma crise nuclear não convencional. Diferente de acidentes como Chernobyl ou Fukushima, que envolveram reatores civis, o risco atual decorre da destruição de infraestruturas voltadas para enriquecimento de urânio.
Embora não haja risco imediato de uma explosão nuclear, a dispersão de compostos tóxicos e resíduos pode gerar contaminação de solos, águas e atmosfera, afetando não apenas o Irã, mas todo o litoral do Golfo Pérsico, impactando milhares de famílias, a fauna marinha e os ecossistemas locais.
E se atacarem Bushehr?
Especialistas consideram que um ataque direto ao reator de Bushehr poderia comprometer não só o fornecimento de água, mas também gerar uma nuvem radioativa que afetaria populações em Irã, Omã, EAU, Catar, Bahrein, Arábia Saudita e até Índia e Paquistão, dependendo das condições dos ventos.
O mundo assiste, mais uma vez, à política de agressão dos EUA colocando milhões de vidas em risco — tudo em nome de seus interesses estratégicos no Oriente Médio.
O Carioca Esclarece
O hexafluoreto de urânio (UF6), principal composto utilizado no enriquecimento de urânio, não é altamente radioativo, mas é extremamente tóxico e reativo com a umidade do ar, formando ácido fluorídrico, que é letal se inalado.
FAQ
Quais são os riscos de contaminação nuclear no Irã?
Por enquanto, os maiores riscos envolvem compostos químicos tóxicos, como o hexafluoreto de urânio. Não há registro de vazamento de material radioativo fora das áreas bombardeadas.
Se o reator de Bushehr for atacado, o que pode acontecer?
Haverá risco real de desastre nuclear, com contaminação da água do Golfo Pérsico, comprometendo usinas de dessalinização e deixando milhões de pessoas sem acesso à água potável.
O bloqueio do Estreito de Ormuz tem relação com isso?
Sim. A escalada militar, incluindo o bloqueio, amplia o risco de novos ataques e retaliações, que podem atingir diretamente infraestruturas críticas como o reator de Bushehr.