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Secretário de Trump ataca Brasil e exige “conserto” para agradar EUA

Howard Lutnick pressiona Brasil e defende tarifas agressivas impostas por Donald Trump; fala reacende debate sobre soberania e comércio internacional

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Howard Lutnick - Wikimedia Commons

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, declarou que o Brasil precisa ser “consertado” para agir em conformidade com os interesses de Washington.

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A afirmação foi feita em entrevista à rede NewsNation, divulgada neste sábado (27), e ampliou a tensão nas relações bilaterais. Segundo o secretário, países como Brasil, Suíça e Índia estariam prejudicando a economia norte-americana e precisariam “entrar no jogo” imposto por Donald Trump.

Brasil na mira de Washington

De acordo com Lutnick, os três países citados devem abrir seus mercados e interromper medidas que afetam os Estados Unidos. “Temos um monte de países para consertar, como Suíça, Brasil e Índia. São países que precisam realmente reagir corretamente com a América”, declarou.

O caso brasileiro está diretamente ligado às tarifas impostas por Trump. Produtos exportados do país foram atingidos por taxações pesadas, em linha com a política agressiva de comércio da Casa Branca.

Tarifas e impactos globais

O Brasil enfrenta barreiras semelhantes às aplicadas à Índia, que sofre uma taxação de 50% em diversos produtos — metade vinculada à compra de petróleo da Rússia. Já a Suíça paga tarifas de até 39% e, a partir de 1º de outubro, passará a ter setores estratégicos, como farmacêutico e de transporte, sobretaxados em até 100%.

Essas medidas revelam uma estratégia de protecionismo econômico norte-americano que pode gerar impactos graves para exportadores brasileiros. Setores como o agronegócio, o farmacêutico e a indústria de base estão entre os mais vulneráveis.

Lula e Trump: química em meio à tensão

As declarações de Lutnick ocorrem poucos dias após um encontro informal entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O republicano afirmou ter tido “uma química excelente” com o presidente brasileiro e chegou a elogiá-lo. “Ele pareceu ser um homem muito legal, na verdade. Ele gostou de mim, eu gostei dele. E eu só faço negócios com pessoas de quem gosto”, afirmou Trump.

Lula, por sua vez, chamou o episódio de “boa surpresa” e confirmou interesse em uma reunião bilateral, ainda sem local ou data definidos.

Desafios para o Brasil

Enquanto a diplomacia busca reduzir tensões, o governo brasileiro tenta conter os danos do tarifaço norte-americano. A necessidade de proteger empregos, manter mercados abertos e evitar submissão às imposições de Washington recoloca o tema da soberania econômica no centro do debate.

Se, por um lado, a aproximação pessoal entre Lula e Trump pode abrir espaço para negociação, por outro, as falas duras de Howard Lutnick demonstram que os obstáculos permanecem altos. O Brasil precisará equilibrar defesa de seus interesses estratégicos e diálogo com a Casa Branca para evitar retrocessos comerciais.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.