Rio de Janeiro, 12 de julho de 2025 – Trump ameaça tarifas de 50% ao Brasil, mas repete padrão de recuo estudado pelos investidores, que se mantêm otimistas com Lula e a economia nacional.
Recuo como estratégia
Economistas e traders identificam a “TACO Trade” – acrônimo para Trump Always Chickens Out (“Trump sempre amarelar”) – como comportamento habitual do presidente americano. A tática de inflar tarifas para forçar concessões e depois recuar vem galvanizando o mercado: após cada anúncio belicoso, os índices se recuperam, apostando que Trump não levará as medidas até o fim.
Somente nesta semana, o anúncio de sobretaxas de 50% sobre produtos do Brasil, Japão, Coreia e Canadá provocou apenas leve turbulência — caiu a Bolsa, subiu o dólar — mas rapidamente houve estabilização .
Mercado ignora a retórica
Os mercados reagiram com indiferença às ameaças recentes. Mesmo diante do anúncio de tarifas draconianas, os índices S&P 500 e Nasdaq atingiram novos recordes, e o dólar mostrou desempenho misto. Há alívio entre investidores: tratam o plano tarifário como barganha, não como risco real. O ETF de ações brasileiras (EWZ) oscilou pouco mesmo com as pressões iniciais.
Brasil forte e Lula bem-posicionado
Do lado brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou postura dura na retórica diplomática, com promessa de retaliar via Lei de Reciprocidade, caso Trump insista nas mesmas condições. O governo aponta que o Brasil está melhor posicionado economicamente do que durante a era Bolsonaro e que sabe diversificar mercados .
Analistas do Financial Times e da Reuters lembram que o Brasil poderia até emergir como beneficiário dos choques tarifários mais globais — sobretudo por seu peso em commodities — e que, com uma liderança diplomática ativa, o país diminui riscos .
O risco de normalizar o “TACO”
Apesar do otimismo, especialistas alertam: a normalização do recuo tarifário alimenta uma falsa sensação de segurança. Se os mercados não reagirem mais com força, Trump pode sentir-se livre para endurecer as ações até o fim — sem medo de causar impacto .
Diversas casas de análise, como GMO e TS Lombard, enfatizam que os retornos vêm caindo e que as bolsas estão esticadas — S&P com P/L em torno de 35×, níveis com potencial de correção brusca.
Bolsonaro e a narrativa frágil
Enquanto isso, Jair Bolsonaro busca capitalizar internamente, protagonizando a narrativa da “Tarifa Bolsonaro” e apelando diretamente a Trump — ato que analistas consideram frouxo, de conotação condescendente e oportunista . Lula, por outro lado, constrói narrativa de soberania nacional frente ao “tutela politizada” de Washington.
Conclusão
A “TACO Trade” segue alimentando ganhos de curto prazo. O Brasil, com Lula e estratégia assertiva, se fortalece. Mas a complacência mundial pode custar caro se Trump, encorajado, não recuar.
O Diário Carioca Esclarece
- Tática tarifária de Trump: anuncia valores altos, pausa quando o mercado recua.
- Lei de Reciprocidade: legislação brasileira de resposta automática a barreiras unilaterais.
- Risco estrutural: se investidores deixarem de reagir, Trump não calibrará suas medidas.
- Commodities brasileiras: café, minério, carne e etanol sustentam resiliência econômica.
FAQ
O que é TACO Trade?
Estratégia de mercado que aposta na recuperação após ameaças tarifárias dos EUA, pois esperam recuos de Trump.
Por que o Brasil não teme?
Lula adota diplomacia forte e tem alternativas comerciais com China, UE e Mercosul.
Essas tarifas são certas?
Não necessariamente. A maioria das ameaças não se materializa, apesar do nervosismo inicial.
Mercado global está seguro?
Não. A complacência pode abrir espaço para políticas duras sem reação — risco real de correção.
