Nova York, 21 de julho de 2025 — A empresa americana Johanna Foods abriu processo contra a tarifa imposta por Trump ao suco de laranja brasileiro, alegando que a medida é ilegal, politicamente motivada e ameaça a própria sobrevivência do setor.
A ação judicial foi protocolada na sexta-feira (18) na Corte de Comércio Internacional dos Estados Unidos. A Johanna Foods, uma das maiores distribuidoras de suco da costa leste, pede a suspensão imediata da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre a importação de suco de laranja não concentrado vindo do Brasil.
A empresa estima que a medida arbitrária pode gerar um impacto financeiro de até 68 milhões de dólares por ano, além de provocar aumentos de até 25% no preço final do produto nos mercados norte-americanos. A alegação central é direta: o “tarifaço” não tem base legal nem econômica — apenas motivação política.
A defesa da empresa afirma que a imposição foi baseada em argumentos fantasiosos, como apoio do governo brasileiro a Jair Bolsonaro e uma ameaça vaga à segurança nacional dos EUA. “Não há qualquer emergência extraordinária que justifique esse abuso de autoridade”, declarou a empresa no processo.
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Economia e retaliação
Trump anunciou a tarifa como parte de um pacote de medidas protecionistas voltadas contra países “comercialmente hostis”. No caso do Brasil, o ex-presidente alegou “desequilíbrio na balança comercial” — embora os próprios dados do Departamento de Comércio dos EUA revelem que Washington mantém superávit com o Brasil há mais de cinco anos consecutivos.
A retaliação veio dias após a diplomacia norte-americana suspender vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal e militares brasileiros, num gesto interpretado como interferência direta em temas internos do Brasil. A escalada coincidiu com o endurecimento do cerco judicial contra Bolsonaro por tentativa de golpe, o que levou a críticas duras do presidente Lula e protestos formais do Itamaraty.
Impacto direto no Brasil
Com 42% das exportações nacionais de suco de laranja destinadas aos Estados Unidos, a medida já afeta o setor brasileiro. “Não há como compensar essa perda nem no curto nem no médio prazo. O mercado americano é insubstituível em volume e preço”, afirmou Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, entidade que representa os grandes exportadores do setor.
O Brasil é o maior fornecedor mundial de suco de laranja, especialmente o não concentrado, que abastece a indústria alimentícia e grandes redes de supermercados nos EUA. A medida afeta diretamente a cadeia produtiva em estados como São Paulo e Minas Gerais, gerando risco de demissões, queda nas exportações e novos conflitos comerciais.
Casa Branca e discurso autoritário
Em resposta à ação judicial, o governo Trump reafirmou a legalidade da tarifa. Em nota à Bloomberg, o porta-voz Kush Desai defendeu o uso dos “poderes emergenciais” e afirmou que a medida protege “o trabalhador americano e a soberania nacional”. Nenhuma referência foi feita ao impacto para consumidores ou à ausência de justificativa técnica no caso brasileiro.
Ao mesmo tempo, a Corte de Comércio analisa outro processo contra o mesmo “tarifaço”, desta vez relacionado a produtos chineses de baixo valor como bicicletas e máquinas de costura — evidência de que a retórica de guerra comercial se transformou em política de Estado, com prejuízo direto às cadeias produtivas globais.
Perguntas e Respostas
Quem entrou com a ação contra Trump?
A empresa Johanna Foods, uma das maiores distribuidoras de suco da costa leste dos EUA.
O que está sendo contestado?
A tarifa de 50% sobre o suco de laranja brasileiro, considerada ilegal e politicamente motivada.
Qual o impacto econômico estimado?
Até 68 milhões de dólares por ano em custos extras e alta de até 25% no preço final do produto.
Como o Brasil é afetado?
O setor exportador já sofre perdas; os EUA absorvem mais de 40% do suco brasileiro.
O que diz a Casa Branca?
O governo Trump afirma que a medida é legal e justificada por “interesse nacional”.



