O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), cancelou nesta quinta-feira (24) a reunião considerada crucial com o relator do projeto de lei da anistia, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). O cancelamento ocorre em meio ao clima tenso entre Câmara e Senado, segundo informações do G1. Oficialmente, a ausência de Alcolumbre foi justificada pela participação em evento de aniversário do ministro Luís Roberto Barroso, do STF.
Enquanto isso, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), busca definir um encontro com Alcolumbre para destravar a relação institucional. A reunião ainda não tem data definida, mas pode ocorrer na sexta-feira (26).
Articulações de Paulinho da Força
Mesmo com o cancelamento, Paulinho da Força segue agenda de negociações, com encontros marcados com partidos como PSD e PC do B, visando angariar apoio para aprovação do projeto de anistia.
O Senado pretende incluir no debate o projeto do ex-presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que trata da dosimetria das penas para condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. A proposta já foi enviada a Hugo Motta e deverá seguir alinhada com o STF, premissa que Paulinho cumpre como relator designado com chancela da Corte.
Divergências com Hugo Motta
Mais cedo, Hugo Motta criticou Paulinho ao afirmar que a votação da ampliação da isenção do Imposto de Renda, prevista para 1º de outubro, não depende do projeto de redução de penas. A declaração respondeu a posicionamento de Paulinho, que havia condicionado a votação da pauta econômica à aprovação de sua proposta.
“Entendemos que a matéria [do IR] está madura. Já anunciamos a pauta para a próxima quarta-feira, independentemente de qualquer outra matéria. Não há vinculação da matéria do Imposto de Renda com qualquer outra”, disse Motta no plenário.
O episódio foi interpretado por deputados do PT como tentativa de chantagem, considerando que Paulinho não possui atribuição para pautar votações, competência do presidente da Casa e do Colégio de Líderes.
Impasse político e cenário futuro
A tensão evidencia a fragilidade das negociações entre Câmara e Senado e o impacto de declarações políticas nas pautas legislativas. O embate entre Paulinho, Hugo Motta e outros líderes, incluindo o relator do IR, Arthur Lira (PP-AL), sugere possível disputa de acordos ainda não divulgados, em meio a um momento de instabilidade institucional.
