Atualizado em 25/11/2025 01:43

Brasília, 10 de julho de 2025 — Jair Bolsonaro avalia acionar Donald Trump para tentar barrar a tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros. A medida é vista como um recuo diante da pressão pública e interna.

Bolsonaro sentiu: manobra para escapar da culpa

Acuado pela repercussão negativa do tarifaço de Trump contra o Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro busca uma saída que preserve sua imagem política. Segundo fontes da CNN Brasil, Bolsonaro considera entrar em contato direto com a Casa Branca na tentativa de reverter a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras — uma jogada que escancara sua covardia e o expõe como agente de bastidores de uma crise que ele mesmo ajudou a fomentar.

A iniciativa surge após o vídeo do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) assumir responsabilidade pela medida e reforçar ataques ao Supremo Tribunal Federal. A gravação agravou o mal-estar entre os núcleos da direita e intensificou a pressão sobre Jair Bolsonaro para se reposicionar.

Estratégia é tentar fugir do rótulo de traidor

Nos bastidores, a tentativa de negociação é lida como gesto desesperado. Aliados de Bolsonaro temem que a população passe a associá-lo diretamente à imposição da tarifa. A pressão é para que ele apareça como “mediador”, mas o risco é alto: se Trump não recuar, Bolsonaro se tornará cúmplice público do fracasso — e reforçará a narrativa de que sua família atuou contra os interesses nacionais.

A ala bolsonarista admite que a estratégia anterior saiu pela culatra. Um senador do PL confidenciou à GloboNews: “Foi um tiro no pé. Ninguém vai apoiar uma tarifa contra o país. Isso é indefensável.”

Intervenção pode agravar situação no STF

A possível intervenção de Bolsonaro não passaria despercebida no Supremo. Ministros da Corte consideram que qualquer articulação internacional que resulte em retaliação ao Judiciário brasileiro pode reforçar as acusações de tentativa de obstrução de Justiça.

O ex-presidente já responde a ações que envolvem ataques às instituições democráticas. Agora, caso a negociação com Trump envolva pressões contra autoridades brasileiras, o movimento pode ser enquadrado como interferência direta nos poderes.

Eduardo expôs, Tarcísio capitaliza

A reação imprudente de Eduardo Bolsonaro deixou setores da direita desorientados. Enquanto o filho de Bolsonaro se vangloriava da tarifa como “vitória geopolítica”, líderes mais moderados, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, buscaram transferir a culpa para o governo Lula — sem sucesso.

Pesquisas da Nexus mostram que a população reagiu majoritariamente em defesa da soberania nacional. A tentativa de culpar Lula se esfarelou diante dos fatos: os Estados Unidos têm superávit com o Brasil, e o ataque de Trump foi motivado por política ideológica e pressão da extrema-direita.

PT fortalece discurso patriótico

Enquanto a extrema-direita se divide entre fuga e confronto, o PT capitaliza o discurso da soberania. Lula reafirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por nenhuma potência” e estuda acionar a Lei da Reciprocidade Econômica para impor medidas contra produtos norte-americanos.

O Planalto avalia que o episódio fortalece sua posição internacional, especialmente após a bem-sucedida Cúpula do Brics no Rio de Janeiro — citada por aliados de Trump como fator de irritação. O Brasil se projeta como ator geopolítico autônomo, enquanto a oposição afunda em contradições.

O Diário Carioca Esclarece

Tarifa de 50%: medida imposta unilateralmente por Trump sobre exportações brasileiras, como aço e commodities agrícolas.
Lei da Reciprocidade Econômica: instrumento que permite ao Brasil retaliar comercialmente países que adotem práticas hostis.
Vídeo de Eduardo Bolsonaro: publicado após o tarifaço, expôs ataques diretos ao STF e admitiu articulação nos EUA.
Cúpula do Brics no Rio: evento internacional que fortaleceu a diplomacia brasileira e gerou desconforto na Casa Branca.