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Atlas Intel: Aprovação de Lula cresce após Bolsotaxa e chantagens de Trump

Reação firme à taxação de Trump melhora avaliação do governo Lula e reduz rejeição, segundo pesquisa

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Brasília, 15 de julho de 2025 — A aprovação de Lula voltou a subir após a imposição de tarifas pelos EUA. Pesquisa Atlas Intel mostra empate técnico entre aprovação e rejeição, com alta na imagem do governo e melhora da avaliação da política externa.

Reação política altera o humor do eleitorado

A ofensiva tarifária de Donald Trump sobre produtos brasileiros, anunciada na última semana, gerou instabilidade econômica imediata. Mas, paradoxalmente, serviu de impulso político ao governo Lula. Segundo a mais recente pesquisa da Atlas Intel, divulgada nesta terça-feira, a aprovação do presidente subiu 2,4 pontos, alcançando 49,7%, contra 50,3% de desaprovação — queda de 1,5 ponto. A diferença, pela primeira vez desde outubro de 2024, está tecnicamente empatada.

O dado é mais do que um índice. Ele sinaliza uma inflexão no desgaste do governo. A queda progressiva na imagem presidencial, acentuada no segundo semestre do ano passado por impasses econômicos e críticas à articulação política, dá sinais de reversão. O que pesou, segundo o próprio levantamento, foi a resposta do Planalto à investida do republicano norte-americano.

Nacionalismo pragmático como estratégia

Mais de 44% dos entrevistados avaliaram como adequada a postura do governo diante das tarifas de Trump. Outros 27,5% consideraram a resposta agressiva, enquanto 25,2% julgaram-na fraca. A maioria, portanto, reconhece o posicionamento como politicamente necessário — mesmo sem ruptura diplomática.

Essa leitura é reforçada por outro dado estratégico: 47,9% acreditam que o governo Lula será capaz de negociar a redução das tarifas impostas pelos EUA. Apenas 38,8% duvidam dessa possibilidade. A expectativa de capacidade negocial é um termômetro relevante de confiança política — e sinaliza margem para recomposição do capital político presidencial.

A política externa, muitas vezes invisível nas pesquisas internas, ganha protagonismo. Segundo o mesmo levantamento, 60,2% dos entrevistados aprovam a atuação internacional do governo. O número surpreende, especialmente em um país com baixa tradição de engajamento popular em agendas multilaterais.

Imagem de governo volta ao positivo

No mesmo levantamento, a avaliação do governo também mostrou melhoria consistente. A proporção de entrevistados que consideram a gestão “ruim ou péssima” caiu 1,8 ponto, para 49,4%. Já os que a classificam como “ótima ou boa” subiram para 43,4% — avanço de igual magnitude. É a primeira vez desde abril que a avaliação negativa deixa de ser majoritária.

O resultado oferece ao Planalto uma janela de oportunidade. Com a retomada da popularidade, ainda que modesta, e a recuperação da imagem no campo da diplomacia, Lula se afasta momentaneamente do espectro de isolamento político.

Mais do que números, os dados apontam que o eleitorado responde quando o governo se posiciona com firmeza frente a potências estrangeiras — sem submissão nem histrionismo. O nacionalismo pragmático, em tempos de economia tensionada, pode ser uma das chaves para o reposicionamento da presidência no segundo semestre.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.