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Armas e ‘homeschooling’ afasta evangélicos do bolsonarismo

Pesquisa Datafolha revela opiniões contrastantes sobre armas e aborto

Jair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR
Jair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR

São Paulo – Uma pesquisa recente do Datafolha revela que temas como armas e homeschooling não encontram eco entre os evangélicos paulistanos. Entretanto, questões como aborto e casamento homoafetivo ainda geram alinhamento com falanges conservadoras, apesar de algumas divergências.


O que você precisa saber

1. Armas e Homeschooling: Armas e homeschooling não atraem apoio significativo entre os evangélicos de São Paulo. Apenas 28% aprovam o porte de armas e 19% apoiam o homeschooling.

2. Aborto e Casamento Homoafetivo: O aborto e o casamento homoafetivo geram mais consenso. 68% dos evangélicos são contra descriminalizar o aborto, mas apenas 29% apoiam a prisão de mulheres que abortam.

3. Educação Sexual e Igualdade de Gênero: A maioria dos evangélicos apoia a educação sexual nas escolas (75%) e a igualdade de gênero na sociedade (89%).

4. Influência da Liderança Religiosa: A liderança evangélica, incluindo pastores influentes, mostra uma posição mais conservadora em alguns temas, mas há rachaduras entre a base e a liderança.


Detalhes da Pesquisa

Armas e Homeschooling

O desarmamento e o homeschooling são pautas importantes para o bolsonarismo, mas não têm forte adesão entre os evangélicos de São Paulo. Apenas 28% dos entrevistados apoiam o direito ao porte de armas para defesa pessoal. O homeschooling também não é popular, com apenas 19% de apoio.

Aborto e Casamento Homoafetivo

A questão do aborto mostra uma opinião mais complexa. Embora 68% dos evangélicos sejam contra a descriminalização, somente 29% concordam com a prisão de mulheres que abortam. No caso do casamento homoafetivo, 57% são contra, mas 26% apoiam a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Educação Sexual e Igualdade de Gênero

A educação sexual nas escolas tem apoio de 75% dos evangélicos. A igualdade de gênero é amplamente aceita, com 89% dos entrevistados concordando que homens e mulheres devem ter papéis iguais na sociedade. No entanto, 81% também acreditam que a mulher deve se vestir com modéstia, refletindo uma visão mais conservadora.


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Influência da Liderança Religiosa

Pastores e líderes religiosos têm uma influência significativa nas opiniões dos fiéis. A postura conservadora é evidenciada por 79% dos evangélicos que acreditam que a Bíblia deve ser levada ao pé da letra em todos os aspectos.

Contexto Social e Político

A pesquisa também mostra um descompasso entre as bases evangélicas e suas lideranças em alguns temas. Por exemplo, a questão das armas é sensível para moradores de favelas e periferias, onde a violência armada é uma realidade cotidiana. Segundo o Atlas da Violência, 104 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram assassinados entre 2012 e 2022, 81,5% deles por armas de fogo.

Reflexões Sociológicas

Para a socióloga Christina Vital, a pesquisa revela nuances importantes nas opiniões dos evangélicos paulistanos. As posições sobre o aborto mostram que, embora muitos sejam contra a descriminalização, há uma relutância em apoiar a prisão de mulheres que abortam. “Isso reflete as complexidades entre o que é visto como certo do ponto de vista legal, moral e religioso e como os evangélicos lidam com essas questões no dia a dia”, explica Vital.

Com informações da Folha de São Paulo