Brasília — 07 de agosto de 2025 — O deputado Pastor Eurico (PL-PE) agrediu fisicamente o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, durante o motim bolsonarista que ocupou a Mesa Diretora do Congresso Nacional por mais de 47 horas. A cena foi registrada na última quarta-feira (6), enquanto parlamentares de oposição tentavam forçar a pauta de projetos como a anistia a golpistas do 8 de janeiro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Agressão ocorreu em meio ao motim que paralisou os trabalhos
O empurrão foi desferido por Pastor Eurico no momento em que Lindbergh Farias tentava dialogar com os parlamentares que bloqueavam o acesso à mesa. Além da agressão física, o bolsonarista insultou o petista com palavras como “palhaço”, “idiota” e “bandido”. A ofensiva foi filmada por deputados presentes no plenário.
Lindbergh Farias não se manifestou publicamente. Já o deputado Vicentinho (PT-SP) prestou solidariedade ao colega de partido e afirmou: “Enquanto lutamos por direitos e democracia, a extrema direita responde com ódio e agressões”.
Oposição tentou forçar votação de projetos que beneficiam bolsonaristas
A ação de Pastor Eurico foi apenas um entre diversos episódios de confronto durante a tentativa de ocupação das mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal por parlamentares de oposição. O grupo, liderado por nomes do PL, com apoio de PP e União Brasil, tentou pressionar o Congresso a votar matérias estratégicas para a base bolsonarista, como a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos e o afastamento de ministros do STF.
Na quarta-feira à noite, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), conseguiu retomar os trabalhos legislativos, aprovando de forma simbólica o projeto que isenta do Imposto de Renda os brasileiros com renda de até dois salários mínimos. Sem citar o motim, Alcolumbre afirmou que “não aceitará intimidações” e prometeu ser duro contra tentativas de inviabilizar o funcionamento das Casas Legislativas.
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Câmara demorou mais a reagir e presidente é criticado
O processo de desocupação foi encerrado oficialmente na quinta-feira (7), quando o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), anunciou a retirada do grupo. “Estamos nos retirando da Mesa do Senado da República para que os trabalhos possam fluir normalmente”, disse Marinho. Ele também informou que 41 senadores assinaram pedido formal para acelerar a análise do pedido de afastamento de Alexandre de Moraes.
Na Câmara, a crise seguiu por mais tempo. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), não conseguiu retomar os trabalhos com a mesma agilidade de Alcolumbre e foi alvo de críticas de deputados aliados ao Planalto, que o acusaram de “fraqueza” diante da pressão bolsonarista.
Segundo relatos internos, a falta de coordenação e autoridade contribuiu para a permanência dos ocupantes no plenário e ampliou a tensão com líderes governistas.
Governo retoma articulações e mira indicações em comissões
Apesar da tentativa de golpe regimental, a base governista voltou a se articular. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a prioridade agora é destravar as indicações para agências reguladoras, muitas das quais estão paradas há meses. Segundo ele, há pelo menos 17 nomes pendentes na Comissão de Infraestrutura.
A expectativa é de que a reabertura dos trabalhos com normalidade permita ao governo retomar o controle da pauta legislativa e reagrupar sua base para enfrentar novas tentativas de sabotagem institucional por parte da oposição.
O que está em jogo
O que motivou a ocupação da Mesa?
Parlamentares bolsonaristas tentaram impor, na força, a votação de projetos como a anistia aos envolvidos nos atos do 8 de janeiro e o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes.
Quem são os principais envolvidos no motim?
Deputados do PL, com apoio de PP e União Brasil, lideraram a ação. No Senado, o movimento teve à frente Rogério Marinho (PL-RN).
Como o Congresso reagiu à ação?
O Senado, liderado por Davi Alcolumbre, conseguiu retomar os trabalhos. Já a Câmara, sob Hugo Motta, teve reação mais lenta e criticada.
Houve agressões físicas durante o protesto?
Sim. O deputado Pastor Eurico (PL-PE) empurrou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara, além de proferir insultos.
Quais são os próximos passos do governo?
Destravar votações estratégicas e retomar o controle das comissões. O foco imediato está nas indicações para agências reguladoras.
Análise: polarização ameaça institucionalidade no Congresso
O episódio da ocupação revela uma escalada preocupante da estratégia bolsonarista de tensionamento institucional. A tentativa de forçar votações por meio da intimidação física e do bloqueio da Mesa Diretora representa um passo além na radicalização do debate político. A resposta firme do Senado, em contraste com a fragilidade da Câmara, expõe a assimetria de lideranças no atual Congresso.
Caso o governo não recupere o protagonismo nas pautas e nos bastidores, novas ofensivas da oposição podem encontrar terreno fértil. A articulação de nomes como Rogério Marinho e Pastor Eurico indica que o bolsonarismo segue ativo e disposto a tensionar a democracia — inclusive com violência.