Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro admitiram surpresa diante da força das manifestações realizadas neste domingo (21) contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro. As informações são de Bela Megale, de O Globo.
O texto, aprovado na Câmara dos Deputados, dificulta a abertura de ações penais contra parlamentares e é considerado um retrocesso de mais de 20 anos na legislação, segundo especialistas.
Avenida Paulista lotada
O maior ato ocorreu na Avenida Paulista, em São Paulo, onde 42,3 mil pessoas participaram, de acordo com o Monitor do Debate Político da USP. O número superou a marca de 42,2 mil registrada no mesmo local em 7 de setembro por bolsonaristas, evento então celebrado pela direita como um sucesso.
A comparação preocupa líderes do PL, que não esperavam a capacidade de mobilização da esquerda em grandes centros. Um interlocutor próximo ao ex-presidente resumiu a situação: “A esquerda defende transparência enquanto a direita protege privilégios”.
Crise de imagem na oposição
Nos bastidores, dirigentes bolsonaristas avaliam que a votação da PEC da Blindagem colocou o partido em posição delicada. A legenda, que apoiou em peso a proposta, acabou entregando ao governo Lula o protagonismo no discurso anticorrupção, antes explorado pela direita.
O desgaste se aprofundou com a aprovação da urgência do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, visto até mesmo entre aliados como difícil de avançar diante da pressão popular registrada nas ruas.
Governo comemora mobilização
No Palácio do Planalto, o resultado foi celebrado. O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que as ruas mostraram ao mundo a força da democracia brasileira: “O povo expressou sua posição firme pela integridade do nosso Estado Constitucional. Seguiremos juntos, com coragem e esperança”, escreveu o ministro.
Impacto político
A mobilização massiva fortaleceu a base do governo no enfrentamento à PEC da Blindagem e aumentou a pressão sobre a oposição. Para analistas, os atos mostraram que a narrativa sobre combate à corrupção e defesa da democracia deixou de ser monopólio da direita e passou a ser disputada pela esquerda, o que cria obstáculos para projetos de interesse da base bolsonarista no Congresso.