Jair Bolsonaro e o filho Eduardo - Foto: Beto Barata
Atualizado em 25/11/2025 00:45

Brasília, 29 de maio de 2025 — A máscara do ex-presidente Jair Bolsonaro começa a ruir sob o peso da própria farsa. A Polícia Federal marcou para o dia 5 de junho, às 15h, em sua sede na capital federal, o tão aguardado depoimento do capitão reformado, agora oficialmente enredado no inquérito que investiga uma ofensiva internacional para sabotar a democracia brasileira.

O foco da vez é o filho zero-três, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), mas o cerco se fecha ao patriarca que bancou, incentivou e se beneficiou diretamente da campanha golpista travada nos bastidores de Washington.

Eduardo Bolsonaro, que fugiu para os Estados Unidos em fevereiro, virou protagonista de uma trama internacional de chantagens e pressões contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A mando da Procuradoria-Geral da República (PGR), o inquérito investiga crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O roteiro é digno de thriller de má qualidade, mas o risco é real e documentado.

Campanha golpista bancada pelo pai

Foi o ministro Alexandre de Moraes quem ordenou a oitiva de Bolsonaro, após assumir a relatoria do caso designado pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Moraes apontou que o ex-presidente é o responsável financeiro pela permanência de Eduardo nos EUA — um eufemismo jurídico para dizer que Jair está bancando o exílio com doações via Pix, aquelas mesmas mobilizadas em nome de “liberdade” e “patriotismo”.

Na prática, Bolsonaro atua como patrocinador oficial de um projeto de sabotagem institucional no exterior. Eduardo, por sua vez, não se limita a compartilhar selfies no Texas: ele usa as redes para promover articulações com membros do governo Donald Trump e congressistas da extrema-direita norte-americana, pedindo sanções financeiras contra ministros do STF, entre eles Alexandre de Moraes, o procurador-geral Paulo Gonet e o delegado da PF Fábio Shor — peça-chave nas apurações do golpe.

Do Palácio ao porão da conspiração

Eduardo pode estar em outro hemisfério, mas o coração da conspiração pulsa no Brasil. Segundo a PGR, os ataques coordenados contra as instituições são contínuos e estruturados, o que coloca Jair Bolsonaro no centro da suspeita de crime continuado, com potencial para prisão preventiva. A tensão no clã Bolsonaro é palpável. O ex-presidente, que gosta de posar de valente, agora vive cercado por temores de uma eventual detenção.

Não é para menos. A Primeira Turma do STF já aceitou, por unanimidade, a denúncia contra Bolsonaro e outros sete aliados pela tentativa de golpe. Na decisão, Moraes foi categórico: a peça da PGR é “detalhada e consistente, com farta descrição dos fatos e das intenções de abolir o Estado de Direito”. O Judiciário está mais próximo do que nunca de responsabilizar o ex-presidente por seu projeto autoritário, que tentou minar a democracia por dentro — e por fora.

A retórica do coitadismo e o apoio trumpista

No núcleo bolsonarista, o discurso de “perseguição política” já foi acionado. Aliados de Eduardo, que pediram anonimato (claro), dizem ver no inquérito uma chance de internacionalizar o vitimismo e angariar mais apoio da base trumpista nos EUA. A cartilha é velha: vestir a toga do mártir, posar de herói injustiçado e, ao mesmo tempo, atacar o STF, como se fossem os juízes, e não os golpistas, os inimigos da ordem democrática.

A lógica é perversa e perigosa: enquanto Eduardo instiga o caos institucional desde o conforto da gringa, Bolsonaro finca os pés no Brasil, usando as ameaças jurídicas como combustível político. Mas o tempo da impunidade parece estar com os dias contados.

“Golpe de Estado é coisa séria”, cravou o ministro Flávio Dino, rebatendo a narrativa bolsonarista de que a ausência de mortos isentaria os envolvidos de crimes graves. “Não se pode de forma alguma dizer que não aconteceu nada. É impossível afirmar isso”, reforçou o ministro Luiz Fux.

O que está em jogo não é apenas o destino judicial de um ex-presidente decadente e seu filhote radicalizado. É o próprio futuro do Estado de Direito no Brasil. O depoimento do dia 5 não é apenas mais um ato burocrático. É o novo capítulo de uma história que exige justiça — antes que a democracia seja mais uma vez colocada à beira do abismo.

O Carioca esclarece
O que motivou o depoimento de Bolsonaro à PF?
A PF quer esclarecer o financiamento da estadia de Eduardo Bolsonaro nos EUA, investigado por ataques ao STF.

Qual é a acusação contra Eduardo Bolsonaro?
Coação, obstrução e tentativa de abolição do Estado de Direito por articular sanções contra autoridades brasileiras.

Jair Bolsonaro pode ser preso?
Sim. O STF considera que há elementos para configurar crime continuado e possível prisão preventiva.

Qual o papel de Alexandre de Moraes no caso?
Ele é o relator do inquérito e ordenou o depoimento de Jair Bolsonaro.

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JR Vital - Diário Carioca

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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