Brasília, 14 de julho de 2025 — Em novo depoimento ao Supremo Tribunal Federal, Mauro Cid confirmou que Jair Bolsonaro editou a chamada minuta do golpe. O ex-presidente teria reescrito o texto para focar na prisão de Alexandre de Moraes.
Um golpe com nome, data e assinatura
A farsa democrática que Jair Bolsonaro tentou sustentar por quatro anos ruiu de vez nesta segunda-feira. Em depoimento prestado ao STF, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o próprio ex-presidente leu e alterou a minuta de decreto que previa medidas de exceção, como a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal. Entre as mudanças, Bolsonaro teria tornado o texto “mais enxuto” e centrado exclusivamente na detenção de Alexandre de Moraes — justamente quem presidia o TSE em 2022 e agora conduz a investigação sobre o golpe.
A engenharia autoritária a partir do Planalto
O depoimento de Cid, prestado como testemunha de acusação, lança luz direta sobre a autoria intelectual e operacional da tentativa de ruptura institucional. Segundo o militar, a versão inicial da minuta previa uma ampla ofensiva contra autoridades dos três poderes, sob o pretexto de “interferências” no processo eleitoral. Bolsonaro, segundo ele, cortou nomes e focou o alvo: Moraes.
Filipe Martins e a mão invisível do bolsonarismo golpista
Cid também implicou Filipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro, como coautor da minuta, ao lado de um jurista não identificado. A estrutura do texto dividia-se em dois blocos: os “considerandos”, com falsas alegações jurídicas contra o STF e o TSE, e a parte executiva — que previa prisões, decretação de estado de sítio e a convocação de novas eleições.
O silêncio que protege o golpismo em série
O depoimento foi colhido por videoconferência, sem gravação nem transmissão, por ordem do ministro Alexandre de Moraes. A decisão buscou preservar o andamento do processo diante da tentativa contínua de sabotagem institucional por parte da extrema-direita. Advogados dos réus e representantes da imprensa acompanharam a oitiva, marcada pelo detalhamento da autoria direta de Bolsonaro na construção do golpe.
Minuta, memória e método
A investigação avança agora para as fases seguintes. Estão agendados os depoimentos das testemunhas de defesa dos núcleos 2, 3 e 4 — que envolvem militares da ativa, políticos civis bolsonaristas e articuladores de bastidores. A fase anterior, encerrada no mês passado, reuniu as falas dos acusados do núcleo 1, incluindo o próprio ex-presidente. O que se vê emergir não é um “ato isolado”, mas uma tentativa articulada, escrita, editada — e quase executada.
Perguntas e Respostas
Bolsonaro participou da minuta do golpe?
Sim. Segundo Mauro Cid, ele leu, editou e reescreveu o texto.
Qual era o objetivo da minuta?
Previa prisão de ministros, convocação de eleições e medidas de exceção.
Quem mais participou da redação?
Filipe Martins e um jurista não identificado, segundo Cid.
Qual foi a mudança feita por Bolsonaro?
Enxugou o texto e concentrou a ofensiva contra Alexandre de Moraes.
Como foi colhido o depoimento de Cid?
Por videoconferência, sem gravação ou transmissão, mas com acesso da imprensa.