Brasília, 14 de julho de 2025 — Em depoimento ao STF, um analista do Ministério da Justiça afirmou ter recebido ordens, durante o governo Bolsonaro, para forjar correlações entre o então candidato Lula e o Comando Vermelho.
Governo investigou voto de pobre para criminalizar Lula
A engrenagem bolsonarista tentou de tudo para sabotar a eleição de 2022. Um analista de inteligência revelou ao Supremo Tribunal Federal que foi obrigado, sob ordens diretas da chefia, a cruzar dados eleitorais do Rio de Janeiro para insinuar que o então candidato Lula era beneficiado por facções. A acusação, baseada em puro viés ideológico, partiu do coração da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça.
Cruzamento seletivo e sabotagem oficial
A ordem era clara: mapear onde Lula havia recebido mais de 75% dos votos e cruzar com o domínio territorial do Comando Vermelho. Segundo Clebson Vieira, apenas os dados do petista eram considerados pela cúpula — um esforço deliberado de fabricar narrativa. O objetivo: minar a legitimidade do voto popular, associando a preferência eleitoral dos mais pobres ao crime organizado.
A barbárie da inteligência sob comando político
O servidor relatou ter ficado “muito mal” com a missão e contou a sua esposa, via mensagem, o desconforto com “uma demanda daquelas, diretamente da diretora”. A diretora, no caso, era Marília de Alencar, hoje ré no processo. A tentativa de criminalizar o eleitor do campo popular — em especial das favelas e periferias — faz parte de uma política sistemática de demonização da maioria.
PRF contra o povo: vans, ônibus, Nordeste
Outro depoimento reforçou a denúncia de que a Polícia Rodoviária Federal operou para suprimir votos. Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador da inteligência da PRF, confirmou que houve “policiamento direcionado”, com foco em Goiás, São Paulo, Minas e Rio — estados com fluxo expressivo de eleitores para o Nordeste. A máquina pública foi colocada para vigiar, conter e reprimir o voto popular.
O núcleo estratégico da trama golpista
Os depoimentos integram a ação penal contra o chamado “Núcleo 2” da tentativa de golpe — grupo encarregado da produção de dados, minutas golpistas e estratégias de sabotagem eleitoral. Estão entre os acusados Filipe Martins, Marcelo Câmara, Silvinei Vasques, Mário Fernandes, Marília de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira. O tenente-coronel Mauro Cid também voltou a depor nesta segunda-feira.
Perguntas e Respostas
O que o servidor denunciou ao STF?
Recebeu ordens para cruzar votos de Lula com áreas de facção, sugerindo vínculo criminoso.
Quem deu as ordens?
Marília de Alencar, então diretora de inteligência do Ministério da Justiça.
A manipulação foi institucional?
Sim, os dados eram analisados seletivamente para atingir apenas o candidato Lula.
O que a PRF fez durante as eleições?
Intensificou abordagens em estados que enviam eleitores ao Nordeste, reduto de Lula.
Quem são os alvos da ação penal?
Ex-assessores e dirigentes bolsonaristas acusados de arquitetar o golpe, incluindo Mauro Cid.