Brasília, 15 de julho de 2025 — Pressionado pela iminência de uma condenação no STF, Jair Bolsonaro afirma a aliados que prefere ser preso no Brasil a fugir para os EUA e se afastar da esposa Michelle.
Estratégia familiar diante da condenação iminente
A frase dita por Jair Bolsonaro a interlocutores — “preso, mas perto da Michelle” — não é apenas expressão de afeto conjugal. É uma peça estratégica de narrativa. Diante do avanço do julgamento no Supremo Tribunal Federal e da possibilidade real de prisão por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente tenta se manter no território nacional sob o verniz do apego familiar.
A revelação foi publicada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e coincide com o parecer da Procuradoria-Geral da República, que nesta semana defendeu formalmente a condenação de Bolsonaro como líder da trama golpista que tentou impedir a posse de Lula em 2023.
Apesar da retórica emocional, o cálculo é político — e tem nome: Michelle Bolsonaro.
Michelle como trunfo eleitoral e instrumento de anistia
Presidente do PL Mulher, Michelle segue em campanha pelo país, sob os holofotes de um bolsonarismo que já não espera absolvição, mas aposta em anistia. A ex-primeira-dama aparece nos bastidores como pré-candidata ao Senado, mas parte da base mais radical vislumbra nela um nome viável à Presidência da República em 2026.
O ex-presidente acredita que, se eleita, Michelle teria força institucional e articulação parlamentar para liderar o projeto de anistia aos crimes cometidos por ele e seu entorno. Não se trata, portanto, de uma renúncia à fuga, mas de um realinhamento tático: trocar o asilo por uma sobrevivência interna monitorada — com potencial de retorno político em médio prazo.
Asilo descartado, exílio evitado, tornozeleira à vista
A decisão de permanecer no Brasil também se sustenta na possibilidade de prisão domiciliar, que permitiria a Bolsonaro manter contato direto com a família e aliados. Na hipótese de pedir asilo nos Estados Unidos, o isolamento seria absoluto — com exceção do deputado Eduardo Bolsonaro, único filho já radicado no exterior.
O próprio Donald Trump já declarou que considera Bolsonaro “vítima de perseguição política”, o que alimentou especulações sobre um eventual pedido de refúgio. Mas, até aqui, o ex-presidente brasileiro insiste em exibir disposição para enfrentar a Justiça no país — desde que sob condições negociadas e com blindagem social e midiática provida pela base evangélica e pelo PL.
STF observa, aliados especulam, bolsonarismo negocia
Nos bastidores do Supremo, a hipótese de fuga não foi descartada, mas perdeu força após a declaração do ex-presidente. A tensão permanece, especialmente entre os ministros que defendem prisão preventiva para evitar interferência nas investigações.
Aliados próximos, no entanto, têm operado para criar um ambiente de normalidade: a permanência de Michelle no país, sua agenda política ativa e o discurso de “resiliência familiar” são utilizados para ancorar uma imagem de Bolsonaro como pai de família e vítima, e não como foragido.
O clã aposta no tempo, no desgaste do processo e na capacidade de manter viva a fidelidade de sua base — mesmo com o ex-presidente sob tornozeleira ou atrás das grades.
Perguntas e Respostas
Bolsonaro vai fugir do Brasil?
Segundo ele, não. Afirma que prefere ficar com a esposa Michelle, mesmo sob risco de prisão.
Por que Bolsonaro cita Michelle?
Porque ela é peça central da estratégia de sobrevivência política e possível caminho para anistia.
Qual a situação jurídica de Bolsonaro?
Enfrenta risco de condenação por tentativa de golpe. A PGR já pediu punição exemplar.
Existe risco de prisão preventiva?
Sim. Ministros do STF avaliam essa medida como forma de evitar fuga ou obstrução.
Michelle será candidata?
Possivelmente. É cotada para o Senado ou até a Presidência como herdeira do capital político bolsonarista.
