Brasília – 21 de agosto de 2025 – A Polícia Federal identificou movimentações financeiras suspeitas superiores a R$ 30 milhões nas contas do ex-presidente Jair Bolsonaro entre março de 2023 e fevereiro de 2024.
O relatório, baseado em dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), foi incorporado ao inquérito que investiga a trama golpista em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Indícios de lavagem de dinheiro e ilícitos
Segundo a PF, Bolsonaro registrou créditos de R$ 30.576.801,36 e débitos de R$ 30.595.430,71 no período analisado.
O relatório aponta indícios de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais, não apenas em relação ao ex-presidente, mas também envolvendo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
A PF destacou que Bolsonaro aparece em comunicações reportadas por unidades de inteligência financeira ao Coaf.
As movimentações suspeitas ocorreram entre 1º de março de 2023 e 5 de junho de 2025.
PF aponta tentativa de obstrução e coação
Além das movimentações financeiras, a PF indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro sob suspeita de obstrução do julgamento da trama golpista no STF.
O relatório final menciona indícios de coação no curso do processo, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e possíveis descumprimentos de medidas cautelares.
Outro investigado é o pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro, que teve celular apreendido ao desembarcar no Aeroporto do Galeão (RJ) e passaportes cancelados, ficando proibido de manter contato com Jair e Eduardo Bolsonaro, mesmo por intermédio de terceiros.
Defesa e reação dos investigados
Os advogados de Jair Bolsonaro — Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser — negaram qualquer descumprimento de medidas cautelares e afirmaram que apresentarão esclarecimentos ao ministro relator Alexandre de Moraes dentro do prazo.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, classificou como “crime absolutamente delirante” o indiciamento feito pela PF e disse que sua atuação nos Estados Unidos “não tem objetivo de interferir no processo em curso no Brasil”. Ele criticou ainda o “vazamento vergonhoso” de conversas privadas com o pai.
Caso se torna um dos mais graves da era Bolsonaro
O relatório da PF detalha transações milionárias suspeitas e expõe novas frentes de investigação envolvendo a família Bolsonaro e aliados próximos.
As descobertas ampliam o peso político e jurídico do inquérito no STF, consolidando o episódio como um dos escândalos mais graves da atualidade brasileira.