Brasília – Em novo depoimento à Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que agora chora implorando por anistia, recebeu um esboço de decreto golpista que pretendia anular as eleições de 2022 e prender autoridades, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Cid contou que Bolsonaro leu o documento, mas fez alterações, mantendo a prisão de Moraes e a convocação de novas eleições.
O decreto foi apresentado ao ex-presidente no Palácio da Alvorada, em 19 de novembro de 2022, por Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro.
Segundo Cid, Bolsonaro concordou apenas com a prisão de Moraes e a realização de novas eleições, enquanto outras partes do decreto foram modificadas e apresentadas em novas reuniões.
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O Decreto Golpista e as Alterações de Bolsonaro
O decreto original, conforme relatado por Cid, era um documento extenso, com páginas de “considerandos” que abordavam as interferências do Judiciário no Executivo. Inicialmente, o texto previa a prisão de outras figuras de destaque, como o ministro Gilmar Mendes, também do STF, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ambos identificados como “opositores ideológicos” de Bolsonaro. Contudo, após as alterações feitas pelo ex-presidente, o foco do decreto foi reduzido à prisão de Moraes.
Encontros com os Comandantes das Forças Armadas
De acordo com o depoimento, Filipe Martins também teve um papel ativo na apresentação do decreto aos comandantes das Forças Armadas. Em 7 de dezembro de 2022, o documento foi mostrado aos comandantes, mas sem a parte que mencionava a prisão de Moraes. Apenas os “considerandos” do decreto foram expostos aos militares.
Em uma reunião posterior, no dia 9 de dezembro de 2022, Bolsonaro voltou a reunir os comandantes e convidou o general Teóphilo, chefe das Forças Terrestres, para discutir o decreto. Cid afirmou que Martins participou da reunião e detalhou os itens do decreto, com o objetivo de pressionar as Forças Armadas sobre a situação política.
Entenda o caso: O que foi o Decreto Golpista?
O decreto incompleto foi mostrado aos Comandantes das Forças Armadas, mas sem a parte sobre a prisão de Moraes.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou detalhes sobre o decreto golpista.
O documento pretendia anular as eleições de 2022 e prender figuras chave como Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco.
Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, teve papel importante na elaboração e apresentação do decreto.
O documento foi alterado por Bolsonaro, com foco apenas na prisão de Moraes e a convocação de novas eleições.