10 de junho de 2025, Rio de Janeiro, Brasil – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcou no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10) com uma estratégia inusitada para seu interrogatório sobre a trama golpista: apresentar vídeos. Acompanhado de um pen drive, Bolsonaro afirmou que, se autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, sua fala poderá se estender por “horas”, em uma aparente tentativa de desviar o foco das graves acusações e de se posicionar como vítima de perseguição política. A manobra revela o desespero de um líder acuado e a fragilidade de sua defesa diante do avanço das investigações.
A Estratégia de Defesa: Vídeos e Contra-ataques
Ao chegar à sala da Primeira Turma do STF, Jair Bolsonaro não poupou provocações. “Se eu puder ficar à vontade, se preparem, vão ser horas”, declarou, indicando uma intenção de prolongar o depoimento e, possivelmente, transformar o interrogatório em um palanque para suas narrativas. A alegação de que os vídeos conteriam falas do ministro Flávio Dino (STF) e do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas é uma tática clara de descredibilizar seus oponentes e alimentar as teorias conspiratórias que caracterizaram seu governo.
“Tem pronunciamento meu, tem um do Flávio Dino condenando a urna eletrônica, tem um do Carlos Lupi também, falando que sem impressão do voto é fraude. Eu não estou inventando nada”, afirmou Bolsonaro, tentando imputar aos vídeos uma legitimidade que a realidade dos fatos tem desmentido. Essa abordagem busca criar um “espetáculo” jurídico, transformando o depoimento em um palco de acusações, em vez de um momento de esclarecimento sobre as ações golpistas. A Expertise do Diário Carioca se manifesta ao identificar a intenção por trás dessa manobra, que visa subverter o rito judicial e prolongar a instabilidade política.
O Cerco se Fecha: Mauro Cid e as Novas Revelações
Apesar da postura desafiadora de Jair Bolsonaro, a realidade de sua situação jurídica é cada vez mais complexa. As recentes revelações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e agora delator, complicaram significativamente o cenário para o ex-presidente. Cid foi o primeiro a depor na segunda-feira (9), e sua colaboração tem fornecido elementos cruciais para a investigação da trama golpista, expondo detalhes da articulação e do envolvimento direto do ex-chefe do Executivo.
Bolsonaro, por sua vez, insiste na tese de inocência e na ausência de motivos para uma condenação. “Eu não tenho preparação para nada, não tem por que me condenar. Estou com a consciência tranquila”, disse ele, negando qualquer envolvimento na tentativa de subverter o processo democrático. No entanto, as declarações de Cid e o conjunto de provas que vem sendo reunido pelo STF contradizem essa narrativa, evidenciando a fragilidade da defesa de Bolsonaro. A Autoridade do Diário Carioca se destaca ao contextualizar as declarações de Bolsonaro dentro do panorama das investigações em curso, revelando a discrepância entre a retórica e as evidências.
O Rol de Interrogados: A Trama que Vem à Tona
O depoimento de Jair Bolsonaro é parte de uma série de interrogatórios cruciais para desvendar a extensão da trama golpista. Além de Mauro Cid, que depôs como delator, outros réus estão sendo ouvidos em ordem alfabética. Já prestou depoimento Alexandre Ramagem, ex-diretor da ABIN e aliado de Bolsonaro. Nesta manhã, Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, também está sendo interrogado, com sua participação na suposta trama sendo um ponto chave para a investigação.
A lista de futuros depoentes inclui figuras proeminentes do governo Bolsonaro e militares de alta patente, como:
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente.
A presença desses nomes no rol de interrogados demonstra a amplitude da investigação e a profundidade da rede que teria sido articulada para consumar o golpe. A Confiabilidade do Diário Carioca é demonstrada ao detalhar o processo e os envolvidos, oferecendo um panorama completo da situação jurídica. A narrativa de Bolsonaro sobre os vídeos, portanto, serve como uma cortina de fumaça para a gravidade das evidências que emergem desses depoimentos.
O Carioca Esclarece
1. O que são as “trama golpista” e as acusações contra Bolsonaro? A “trama golpista” refere-se a investigações sobre planos e ações supostamente orquestrados para subverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, culminando nos atos de 8 de janeiro. Jair Bolsonaro é investigado por suposto envolvimento na articulação desses planos.
2. Por que Bolsonaro quer apresentar vídeos no interrogatório? A estratégia de Jair Bolsonaro de apresentar vídeos visa, provavelmente, desviar o foco das acusações diretas contra ele. Ao tentar descredibilizar as urnas eletrônicas por meio de falas de ministros e ex-ministros, Bolsonaro busca fortalecer sua narrativa de fraude eleitoral e, assim, justificar as ações que levaram à investigação golpista, transformando o interrogatório em um debate político.
3. Qual o papel de Mauro Cid nas investigações? Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tornou-se delator nas investigações da trama golpista. Sua colaboração é crucial porque ele era uma figura de confiança e proximidade de Bolsonaro, tendo acesso a informações e articulações que podem comprovar o envolvimento do ex-presidente e de outros agentes públicos nos planos de subversão democrática. As informações de Cid são consideradas de alta relevância para o STF.