Reprodução / Youtube / Câmara dos Deputados
Atualizado em 05/12/2025 10:22

Desde que fugiu do Brasil em junho deste ano, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) já custou R$ 521 mil aos cofres da Câmara dos Deputados.

O valor, registrado no portal de transparência da Casa, corresponde ao pagamento dos salários de sua equipe entre junho e outubro.

Em outubro, a verba mensal de gabinete — limitada a R$ 133.170,54 — foi quase totalmente utilizada, alcançando R$ 132.886.

Embora tenha o salário e a verba bloqueados por ordem do ministro Alexandre de Moraes, a estrutura do mandato foi mantida pela Câmara, o que inclui o funcionamento do gabinete e o pagamento dos servidores.

Gabinete ativo e cassação travada

Zambelli foi condenada definitivamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em dois processos que somam mais de 15 anos de pena. Apesar da fuga e das condenações, a deputada segue formalmente “no exercício do mandato”, preservada pela legislação.

Sua equipe afirma que mantém 12 funcionários ativos e que todas as funções administrativas e políticas continuam sendo desempenhadas. Desde o início do ano, o gasto com pessoal do gabinete já supera R$ 1,1 milhão.

A Câmara não avançou no processo de cassação. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) analisou o caso, mas aprovou parecer contrário à perda do mandato, impedindo que o processo chegasse ao plenário.

Manobra na Itália: parecer da Câmara vira defesa

A decisão da CCJ é agora utilizada pela defesa de Zambelli como argumento central para impedir sua extradição no exterior. Nesta quinta-feira, a Justiça italiana adiou para 18 de dezembro a decisão sobre o pedido de extradição.

O advogado Angelo Alessandro Sammarco apresentou novos documentos à Corte de Apelação de Roma. Entre eles, estava o parecer da CCJ, sustentando que não existe consenso institucional no Brasil para afastar a parlamentar do cargo.

Fuga e condenações definitivas

Zambelli deixou o país em 3 de junho sob a alegação de buscar tratamento médico, sem especificar o destino. Pouco depois, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro Moraes determinou sua prisão preventiva.

Em julho, a deputada foi detida na Itália, dando início a uma série de audiências. A sessão desta quinta-feira é a primeira focada diretamente na extradição.

A deputada foi considerada culpada em dois processos que já transitaram em julgado: o primeiro, por contratar um hacker para inserir um falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes no sistema da Justiça; o segundo, por sacar uma arma e perseguir um homem na véspera da eleição de 2022, em São Paulo.

- Publicidade -
JR Vital - Diário Carioca
Editor
Siga:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.