A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 10 de dezembro de 2025, a perda do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
O placar foi de 32 votos a 27, em sessão realizada enquanto a parlamentar segue presa na Itália, aguardando definição sobre seu processo de extradição para o Brasil.
Com a aprovação, o caso segue para análise do plenário ainda hoje. Para que a cassação seja confirmada, serão necessários 257 votos.
Centrão muda o jogo
Segundo informações da própria Câmara, o resultado surpreendeu lideranças políticas e contou com articulação decisiva do centrão. Apesar de o PL ter orientado voto favorável a Zambelli, partidos como PT, PSOL, PSB, PP, União Brasil e Solidariedade votaram contra a manutenção do mandato.
Pressão da presidência e trocas na comissão
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), causou surpresa ao anunciar, na véspera, que levaria o caso ao plenário. Ele também determinou que, até o recesso da próxima semana, a Casa votará as cassações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Glauber Braga (PSOL-RJ).
Nos dias que antecederam a votação, o União Brasil intensificou a articulação pela cassação de Zambelli, promovendo a substituição de cinco membros da CCJ que eram favoráveis à deputada por parlamentares contrários. A mudança foi considerada decisiva para o resultado final.
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A deputada participou da sessão de forma remota, enquanto seu filho acompanhou os trabalhos presencialmente. Em sua manifestação, Zambelli afirmou: “A justiça que eu peço hoje é a justiça para que o Parlamento continue sendo honrado. […] Eu fui a primeira pessoa que levantou a voz contra a ditadura do Supremo Tribunal Federal.”
Relator diverge e critica condenação
O relator do processo, Diego Garcia (Republicanos-PR), havia apresentado, na semana passada, parecer pela manutenção do mandato. Ele voltou a criticar a decisão do STF, que condenou Zambelli, em maio, à perda do mandato e a dez anos de prisão por invasão ao sistema do CNJ, com auxílio do hacker Walter Delgatti Neto.
“Precedente perigoso”, diz relator
Segundo Garcia, a condenação não se sustenta em provas materiais.
“A deputada Carla Zambelli foi condenada sem provas”, afirmou, dizendo que o processo se baseia exclusivamente no depoimento de Delgatti, a quem classificou como “mentiroso compulsivo”.
O relator, sem ficar vermelho e sem pudor também alertou: “Nós estamos abrindo um precedente gigantesco contra essa Casa, mantendo em sigilo as provas e não permitindo acesso a ninguém.”
Em tom falsamente emocionado, concluiu: “Hoje é a Carla Zambelli, amanhã pode ser Vossa Excelência. […] É necessário darmos um basta.”
