Xadrez Político

Centrão se afasta de Bolsonaro e avalia governo Lula

por 27 de julho de 2025
Lula e Arthur Lira - © Joédson Alves/Agência Brasil
Lula e Arthur Lira - © Joédson Alves/Agência Brasil
Atualizado em 25/11/2025 01:43

BRASÍLIA, 27 de julho de 2025 — O Centrão começou a testar novos caminhos políticos após o agravamento do cerco judicial a Jair Bolsonaro (PL) e o impacto negativo da sobretaxa imposta por Donald Trump ao Brasil. Cinco partidos que hoje compõem a base de sustentação do presidente Lula (PT) avaliam, de forma reservada, os riscos de permanência no governo e o potencial eleitoral de Lula para 2026.

Embora o discurso público seja de prudência, líderes de siglas como PP, União Brasil e Republicanos reconhecem que o isolamento de Bolsonaro abriu espaço para realinhamentos. Ao mesmo tempo, persistem dúvidas sobre a capacidade de Lula reverter sua queda de popularidade a tempo de viabilizar uma reeleição competitiva.

PP e União Brasil pressionam por desembarque antecipado

Nos bastidores, o presidente do PP, Ciro Nogueira, tenta acelerar o rompimento com o Planalto. A ofensiva envolve a federação com o União Brasil, batizada de União Progressista, cuja formalização está marcada para 19 de agosto. A federação visa criar uma base para uma candidatura de centro-direita viável em 2026.

Apesar da pressão de Nogueira, há resistência entre parlamentares que detêm cargos federais. O PP controla o Ministério dos Esportes e tem influência na Caixa Econômica Federal via Arthur Lira (AL). O União Brasil comanda Turismo, Desenvolvimento Regional e Comunicações — ministérios sob domínio de aliados como Davi Alcolumbre (AP).

Tarcísio surge como alternativa à família Bolsonaro

No núcleo estratégico do Centrão, o nome do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) é visto como a alternativa mais viável para enfrentar Lula. Apesar da vinculação simbólica ao trumpismo — reforçada por sua imagem com um boné “MAGA” — Tarcísio é considerado um nome capaz de manter a base bolsonarista mobilizada sem ter um membro da família Bolsonaro como cabeça de chapa.

A aposta é que o apoio da extrema-direita venha de forma pragmática, ainda que Bolsonaro continue isolado politicamente e enfrentando investigações lideradas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Palácio do Planalto tenta conter desintegração

No Planalto, a leitura é que as ameaças de rompimento são, até aqui, retóricas. A equipe política de Lula acredita que mesmo com o eventual desembarque formal de PP e União Brasil, haverá neutralidade no primeiro turno de 2026. A estratégia envolve reforçar alianças regionais, manter Davi Alcolumbre próximo e cogitar a oferta da vice-presidência a legendas como o MDB.

Dentro do MDB, no entanto, a mensagem é clara: não haverá apoio formal sem um cenário em que Lula se mostre favorito. A ala governista quer manter Geraldo Alckmin (PSB) como vice, consolidando a atual composição da chapa, enquanto setores mais pragmáticos exigem indicadores concretos de viabilidade eleitoral.


Perguntas frequentes (FAQ)

1. O Centrão já rompeu com o governo Lula?
Ainda não. As articulações estão em curso, mas por ora o rompimento é apenas debatido nos bastidores.

2. Qual o papel de Tarcísio de Freitas nessa disputa?
Tarcísio é apontado como o nome mais forte do Centrão para disputar a Presidência, com apoio indireto do bolsonarismo.

3. Por que Bolsonaro está sendo isolado politicamente?
O avanço de investigações judiciais, além de sua associação a crises internacionais como a sobretaxa de Trump, enfraqueceu seu espaço no jogo político.

4. O MDB vai apoiar Lula em 2026?
O partido condiciona o apoio à recuperação da popularidade de Lula e ao favoritismo nas pesquisas.

5. Qual o impacto da federação União Progressista?
A federação entre PP e União Brasil fortalece a estrutura eleitoral de centro-direita e pode acelerar o afastamento dessas siglas do governo.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.