Atualizado em 10/12/2025 11:04

Na tarde desta terça-feira (9), a Câmara dos Deputados foi palco de um episódio sem precedentes desde a redemocratização. Após o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupar a cadeira da Presidência da Casa em protesto contra a articulação de Hugo Motta (Republicanos-PB) para pautar sua cassação, a reação do comando legislativo ultrapassou os limites institucionais.

Censura e violência contra a imprensa

Policiais legislativos retiraram jornalistas à força do plenário e interromperam abruptamente a transmissão ao vivo da TV Câmara. Durante a ação, profissionais da imprensa relataram agressões físicas, incluindo socos no rosto e chutes, enquanto tentavam registrar o ocorrido.

Relatos de agressões

O repórter Guilherme Balza, da GloboNews, foi empurrado durante a retirada. Já Carol Nogueira, do UOL, recebeu uma cotovelada. As agressões foram cometidas por policiais legislativos e seguranças a serviço da Presidência da Casa.

Cassação como pano de fundo

O protesto de Glauber Braga ocorreu em resposta ao processo de cassação que tramita contra ele após passar pela Comissão de Ética. A acusação envolve uma reação do deputado a ofensas dirigidas à sua mãe, à época gravemente doente, feitas por um militante do MBL, Gabriel Costenaro.

Câmeras desligadas, plenário isolado

Com a retirada da imprensa e o corte do sinal oficial, apenas parlamentares permaneceram no local. As imagens do episódio passaram a circular exclusivamente por gravações independentes divulgadas nas redes sociais e exibidas por emissoras externas.

Escalada sem explicação

A decisão de suspender a cobertura jornalística ocorreu sem justificativa pública. O episódio levantou questionamentos sobre até onde o poder legislativo está disposto a ir para controlar o ambiente político e proteger decisões internas sob contestação.

NOTA DE REPÚDIO

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a  Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenam com veemência o cerceamento ao trabalho dos jornalistas que acompanhavam a sessão plenária da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (9), em Brasília.

O impedimento do trabalho de jornalistas e o corte de sinal da TV Câmara são incompatíveis com o exercício da liberdade de imprensa.

A ANJ, ABERT e ANER esperam a apuração de responsabilidades para que tais práticas de intimidação não se repitam e que sejam preservados os princípios da Constituição Brasileira, que veda explicitamente a censura.

Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão

Associação Nacional de Editores de Revistas

Associação Nacional de Jornais

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.