Na tarde desta terça-feira (9), a Câmara dos Deputados foi palco de um episódio sem precedentes desde a redemocratização. Após o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupar a cadeira da Presidência da Casa em protesto contra a articulação de Hugo Motta (Republicanos-PB) para pautar sua cassação, a reação do comando legislativo ultrapassou os limites institucionais.
Censura e violência contra a imprensa
Policiais legislativos retiraram jornalistas à força do plenário e interromperam abruptamente a transmissão ao vivo da TV Câmara. Durante a ação, profissionais da imprensa relataram agressões físicas, incluindo socos no rosto e chutes, enquanto tentavam registrar o ocorrido.
Relatos de agressões
O repórter Guilherme Balza, da GloboNews, foi empurrado durante a retirada. Já Carol Nogueira, do UOL, recebeu uma cotovelada. As agressões foram cometidas por policiais legislativos e seguranças a serviço da Presidência da Casa.
Cassação como pano de fundo
O protesto de Glauber Braga ocorreu em resposta ao processo de cassação que tramita contra ele após passar pela Comissão de Ética. A acusação envolve uma reação do deputado a ofensas dirigidas à sua mãe, à época gravemente doente, feitas por um militante do MBL, Gabriel Costenaro.
Câmeras desligadas, plenário isolado
Com a retirada da imprensa e o corte do sinal oficial, apenas parlamentares permaneceram no local. As imagens do episódio passaram a circular exclusivamente por gravações independentes divulgadas nas redes sociais e exibidas por emissoras externas.
Escalada sem explicação
A decisão de suspender a cobertura jornalística ocorreu sem justificativa pública. O episódio levantou questionamentos sobre até onde o poder legislativo está disposto a ir para controlar o ambiente político e proteger decisões internas sob contestação.
NOTA DE REPÚDIO
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenam com veemência o cerceamento ao trabalho dos jornalistas que acompanhavam a sessão plenária da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (9), em Brasília.
O impedimento do trabalho de jornalistas e o corte de sinal da TV Câmara são incompatíveis com o exercício da liberdade de imprensa.
A ANJ, ABERT e ANER esperam a apuração de responsabilidades para que tais práticas de intimidação não se repitam e que sejam preservados os princípios da Constituição Brasileira, que veda explicitamente a censura.
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
Associação Nacional de Editores de Revistas
Associação Nacional de Jornais
