Diretor da PF rebate uso político e faz bolsonaristas passarem nova vergonha

9 de julho de 2025
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Diretor da PF rebate uso político e faz bolsonaristas passarem nova vergonha | Diário Carioca
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, participou de audiência da Comissão de Segurança Pública na Câmara dos Deputados. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Brasília — 9 de julho de 2025 – O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, enfrentou acusações de parcialidade em audiência na Câmara e rebateu ataques da oposição bolsonarista.


Um teatro montado com velhas falas. E um delegado que não se curva.

Na Comissão de Segurança Pública da Câmara, o clima era de emboscada. Convidado a prestar esclarecimentos sobre investigações em curso, o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, ouviu impropérios, insinuações e um festival de distorções típicas da retórica bolsonarista — que insiste em transformar toda instituição autônoma num braço do “sistema”.

O caso do megafone e a tática da distorção

O estopim foi a investigação aberta contra uma mulher que, com um megafone, chamou o presidente Lula de “ladrão”. A cena virou trincheira para os deputados da extrema direita, que acusaram Rodrigues de comandar uma polícia “a serviço do governo”. O diretor respondeu com firmeza: “Não se trata de liberdade de expressão, mas de segurança de uma autoridade. O megafone poderia ser confundido com ameaça maior. A tragédia não aconteceu porque o policial foi responsável.”

O argumento parece simples — e é. A PF apenas cumpriu seu dever. Mas o bolsonarismo insiste em ver censura onde há legalidade, e perseguição onde só existe protocolo.

Repetição do roteiro: Lula, irmãos e teorias

Não bastasse o episódio do megafone, deputados como Paulo Bilynskyj e General Girão retomaram o velho enredo conspiratório. Questionaram se Rodrigues mentiu para proteger Frei Chico, irmão de Lula, vice-presidente do Sindnapi, citado em investigações de fraude no INSS. O diretor respondeu com dados: “Não houve mandado de busca ou apreensão contra a entidade. Isso é fato. E foi o que eu disse à jornalista.”

Não bastou. Para o bolsonarismo, fatos são detalhes inconvenientes. A insinuação de que a PF serve ao Planalto é martelada sem provas, mas com um objetivo claro: deslegitimar instituições que não se curvam.

“Gente séria”: a frase que revelou tudo

O embate mais ríspido foi com Marcel Van Hattem (Novo-RS), que disse que só apoiaria a PF “quando ela for comandada por gente séria”. Foi a senha para a reação de Rodrigues: “Fui convidado para um diálogo de alto nível.” A resposta não foi só institucional — foi um recado a quem tenta achincalhar a PF para proteger seus aliados.

Mais do que debate: intimidação em série

Essa não é a primeira vez que Rodrigues enfrenta esse tipo de ataque. Desde que anunciou uma representação contra Van Hattem por ofensas anteriores, o clima de hostilidade se intensificou. Em 2024, o mesmo deputado já havia chamado um delegado de “bandido” em sessão pública. A tática é recorrente: desmoralizar, agredir e, se possível, neutralizar.

Mas o que se viu nesta quarta-feira foi um diretor da PF que, apesar das pressões, não se intimidou. E um parlamento onde parte dos representantes parece cada vez mais interessada em sabotar a ordem institucional, com ataques travestidos de fiscalização.


O Diário Carioca Esclarece

  • A PF atua sob ordens do governo?
    Não. A Polícia Federal é órgão de Estado, com autonomia garantida por lei. Atua sob controle judicial e do Ministério Público.
  • O caso do megafone é censura?
    Não. Trata-se de procedimento padrão em eventos com autoridades. O objeto poderia ser confundido com ameaça.
  • O irmão de Lula é investigado?
    Segundo a PF, o sindicato em que ele atua foi mencionado, mas não foi alvo de busca e apreensão nem de mandado direto.

FAQ (Perguntas Frequentes)

A PF está investigando críticos do governo Lula?
A Polícia Federal afirma que segue critérios técnicos e legais, e que os procedimentos são supervisionados por outras instâncias do Judiciário.

Por que Van Hattem foi indiciado?
Por acusações públicas contra um delegado, sem provas, que resultaram em abertura de investigação por calúnia.

O que motivou a audiência com Rodrigues?
Parlamentares da oposição alegaram uso político da PF. O diretor foi convidado a se defender e explicar o andamento de investigações sensíveis.


JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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