Bolsonaro já era

Donald Trump se nega a falar de Bolsonaro em encontro com Lula: “Não é da sua conta”

Presidente dos EUA evitou comentar condenação do ex-presidente brasileiro em primeira reunião com Lula, na Malásia

Vanessa Neves
por
Vanessa Neves
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.
Lula e Trump se reúnem na Malásia e avançam em negociação sobre tarifas impostas a produtos brasileiros - © Ricardo Stuckert/PR

Kuala Lumpur (Malásia), 26 de outubro de 2025 — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu com irritação ao ser questionado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante sua primeira reunião oficial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), neste domingo (26), na Malásia.

A repórter perguntou se o tema Bolsonaro seria abordado na conversa, e Trump respondeu de forma seca: “None of your business” (“não é da sua conta”, em tradução livre). A declaração encerrou a sequência de perguntas e evidenciou a disposição do republicano em evitar qualquer menção ao aliado brasileiro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

Trump considerou o assunto “impertinente” e não quis que a reunião fosse marcada por questões internas do Brasil. Ainda assim, comentou brevemente: “Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era direto, mas ele passou por muita coisa”.

Quando questionado novamente se discutiria o ex-presidente brasileiro com Lula, o líder americano voltou a repetir: “Não é da sua conta.”

A reunião entre Lula e Trump ocorreu na manhã deste domingo (26), no Centro de Convenções de Kuala Lumpur, durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Foi o primeiro encontro bilateral entre os dois presidentes e começou às 4h40 (horário de Brasília), com a presença da imprensa por menos de dez minutos.

Participaram também os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Márcio Elias Rosa (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), além do diplomata Audo Faleiro, assessor do conselheiro especial Celso Amorim.

Antes do episódio, Trump havia adotado tom conciliador em relação ao Brasil. “Vamos chegar a um acordo”, disse, ao comentar as negociações sobre o tarifaço de 40% aplicado a produtos brasileiros, uma das principais fontes de atrito entre os dois países. Segundo o presidente dos EUA, as conversas podem “avançar rapidamente”.

Lula, por sua vez, afirmou que “não há motivo para desavença entre o Brasil e os Estados Unidos” e declarou ter “todo interesse em construir uma relação extraordinária” com Washington. O petista disse estar otimista e garantiu ter levado todas as pautas por escrito: “Não sei se o Trump vai ter tempo para discutir todos os assuntos, mas eu trouxe as pautas por escrito”.

Além das tarifas, os líderes também devem tratar de sanções aplicadas a cidadãos brasileiros, da crise na Venezuela e das tensões comerciais entre Washington e o Brics — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Lula pretende defender a proposta de reduzir a dependência do dólar nas relações comerciais, ponto que desagrada Trump e tem gerado atritos entre os dois governos.

De acordo com diplomatas brasileiros, o encontro na Malásia serve como um “termômetro político” para medir a disposição dos Estados Unidos em revisar sanções e retomar o diálogo econômico com o Brasil.

https://www.diariocarioca.com/wp-content/uploads/2025/09/Parimatch-728-90.jpg
Seguir:
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.