Brasília, 23 de julho de 2025 — A atuação internacional de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acentuou fissuras no PL e gerou desconfiança entre aliados, que agora o classificam como “incontrolável” nos bastidores.
Direita rachada e liderança sem controle
Eduardo Bolsonaro, que segue licenciado do mandato de deputado federal, vem provocando apreensão crescente entre líderes do PL. Suas movimentações nos Estados Unidos, feitas à margem da coordenação partidária, não apenas alimentam ruídos internos, como também jogam lenha na crise enfrentada pela direita após o tarifaço anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros.
Dentro do partido, a leitura é direta: Eduardo atua por conta própria, ignora alertas estratégicos e não contribui com nenhuma solução real para o momento delicado. Interlocutores descrevem sua conduta como desagregadora — e dizem que ele tem atrapalhado mais do que ajudado, inclusive nas tentativas de recomposição com setores do Congresso e governos estaduais.
Lei Magnitsky e acusações evasivas
Ao ser confrontado por colegas sobre sua participação na escalada diplomática que resultou nas tarifas americanas, Eduardo tem afirmado que nunca pediu o tarifaço — e que sua intenção era exclusivamente aplicar a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A legislação norte-americana permite sanções a agentes públicos estrangeiros por violações de direitos humanos.
Mas o argumento não colou. Parte expressiva da bancada considera que o deputado não fez nenhum esforço real para se desvincular da retaliação de Trump. Segundo fontes ouvidas pelo Diário Carioca, Eduardo foi instado a cumprir duas exigências mínimas: cessar os ataques a Tarcísio de Freitas (Republicanos) e declarar, de forma inequívoca, que nunca endossou as tarifas. A primeira só foi atendida após pressão do próprio Jair Bolsonaro. A segunda, até agora, segue em aberto.
Bandeira de Trump e o vexame no Congresso
O episódio da bandeira de Trump estendida por parlamentares do PL dentro do Congresso escancarou o esgarçamento interno. Deputados como Sargento Fahur (PSD-PR) e Delegado Caveira (PL-PA), protagonistas do gesto, foram advertidos por lideranças mais pragmáticas da legenda, que classificaram o ato como “desastroso” e “infantil”.
A ação, segundo esses setores, desorientou a narrativa política do partido e deslocou o foco da insatisfação generalizada com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta havia suspendido reuniões de comissões após a insistência da tropa bolsonarista em forçar moções de apoio explícito a Jair Bolsonaro.
No diagnóstico interno, manifestações individuais seriam toleráveis, mas o gesto coletivo de apoio a um líder estrangeiro em plena crise com o Brasil reforçou a imagem de um partido refém de uma agenda alheia à soberania nacional — e cada vez mais vulnerável à radicalização de seus próprios quadros.
Perguntas e Respostas
Eduardo Bolsonaro está envolvido diretamente com as tarifas de Trump?
Ele nega. Afirma que apenas invocou a Lei Magnitsky contra Moraes. Mas não desautorizou publicamente as tarifas.
Por que o PL está incomodado com Eduardo Bolsonaro?
Porque ele atua de forma isolada, sem ouvir o partido, e tem agravado divisões internas num momento de crise.
O ex-presidente Bolsonaro interveio na crise?
Sim. Interveio pessoalmente para que Eduardo cessasse ataques ao governador Tarcísio de Freitas.
O que causou mal-estar com a bandeira de Trump?
Parlamentares do PL exibiram apoio ao ex-presidente dos EUA no Congresso, o que gerou críticas internas por parecer submissão estrangeira.
Há risco de Eduardo ser isolado no partido?
Existe esse movimento nos bastidores, mas nenhuma decisão formal foi anunciada.
