Problema para o Problema do Brasil

Eduardo Bolsonaro é visto como problema no PL

por 23 de julho de 2025
Eduardo Bolsonaro - Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Eduardo Bolsonaro - Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Atualizado em 25/11/2025 01:43

Brasília, 23 de julho de 2025 — A atuação internacional de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acentuou fissuras no PL e gerou desconfiança entre aliados, que agora o classificam como “incontrolável” nos bastidores.


Direita rachada e liderança sem controle

Eduardo Bolsonaro, que segue licenciado do mandato de deputado federal, vem provocando apreensão crescente entre líderes do PL. Suas movimentações nos Estados Unidos, feitas à margem da coordenação partidária, não apenas alimentam ruídos internos, como também jogam lenha na crise enfrentada pela direita após o tarifaço anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros.

Dentro do partido, a leitura é direta: Eduardo atua por conta própria, ignora alertas estratégicos e não contribui com nenhuma solução real para o momento delicado. Interlocutores descrevem sua conduta como desagregadora — e dizem que ele tem atrapalhado mais do que ajudado, inclusive nas tentativas de recomposição com setores do Congresso e governos estaduais.

Lei Magnitsky e acusações evasivas

Ao ser confrontado por colegas sobre sua participação na escalada diplomática que resultou nas tarifas americanas, Eduardo tem afirmado que nunca pediu o tarifaço — e que sua intenção era exclusivamente aplicar a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A legislação norte-americana permite sanções a agentes públicos estrangeiros por violações de direitos humanos.

Mas o argumento não colou. Parte expressiva da bancada considera que o deputado não fez nenhum esforço real para se desvincular da retaliação de Trump. Segundo fontes ouvidas pelo Diário Carioca, Eduardo foi instado a cumprir duas exigências mínimas: cessar os ataques a Tarcísio de Freitas (Republicanos) e declarar, de forma inequívoca, que nunca endossou as tarifas. A primeira só foi atendida após pressão do próprio Jair Bolsonaro. A segunda, até agora, segue em aberto.

Bandeira de Trump e o vexame no Congresso

O episódio da bandeira de Trump estendida por parlamentares do PL dentro do Congresso escancarou o esgarçamento interno. Deputados como Sargento Fahur (PSD-PR) e Delegado Caveira (PL-PA), protagonistas do gesto, foram advertidos por lideranças mais pragmáticas da legenda, que classificaram o ato como “desastroso” e “infantil”.

A ação, segundo esses setores, desorientou a narrativa política do partido e deslocou o foco da insatisfação generalizada com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta havia suspendido reuniões de comissões após a insistência da tropa bolsonarista em forçar moções de apoio explícito a Jair Bolsonaro.

No diagnóstico interno, manifestações individuais seriam toleráveis, mas o gesto coletivo de apoio a um líder estrangeiro em plena crise com o Brasil reforçou a imagem de um partido refém de uma agenda alheia à soberania nacional — e cada vez mais vulnerável à radicalização de seus próprios quadros.


Perguntas e Respostas

Eduardo Bolsonaro está envolvido diretamente com as tarifas de Trump?
Ele nega. Afirma que apenas invocou a Lei Magnitsky contra Moraes. Mas não desautorizou publicamente as tarifas.

Por que o PL está incomodado com Eduardo Bolsonaro?
Porque ele atua de forma isolada, sem ouvir o partido, e tem agravado divisões internas num momento de crise.

O ex-presidente Bolsonaro interveio na crise?
Sim. Interveio pessoalmente para que Eduardo cessasse ataques ao governador Tarcísio de Freitas.

O que causou mal-estar com a bandeira de Trump?
Parlamentares do PL exibiram apoio ao ex-presidente dos EUA no Congresso, o que gerou críticas internas por parecer submissão estrangeira.

Há risco de Eduardo ser isolado no partido?
Existe esse movimento nos bastidores, mas nenhuma decisão formal foi anunciada.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.