O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou que, “se necessário, iremos sacrificar tudo e queimar toda a floresta”, em referência a pressões políticas e judiciais contra sua família.
A frase, dita durante atuação internacional nos Estados Unidos, repete a lógica punitiva do Decreto Nero, emitido por Adolf Hitler em 1945, que ordenou a destruição da infraestrutura alemã para impedir seu uso pelas forças aliadas.
Reedição de uma retórica de destruição
Em 19 de março de 1945, Hitler determinou que pontes, fábricas, ferrovias e portos fossem demolidos. Historiadores afirmam que não havia objetivo militar legítimo, mas sim punição contra o próprio povo alemão por não conseguir vencer a guerra. Parte da execução foi sabotada por figuras internas, como Albert Speer, que atrasou ordens para conter danos.
A menção de Eduardo Bolsonaro à “queima da floresta” sugere a possibilidade de sacrificar recursos e patrimônio brasileiros em nome de disputas pessoais e familiares. Durante o governo de Jair Bolsonaro, políticas ambientais foram desmanteladas, a fiscalização reduziu-se drasticamente e o desmatamento cresceu, gerando crises diplomáticas com parceiros comerciais.
Paralelos históricos e riscos institucionais
Assim como o Decreto Nero representou um ato de autossabotagem nacional, o discurso do deputado ecoa a ideia de que, se não houver vitória pessoal ou política, o país não merece preservar suas riquezas. Especialistas alertam que a normalização dessa retórica fragiliza instituições, incentiva ações destrutivas e pode legitimar políticas de dano irreversível.
Críticos afirmam que essa postura, em pleno século XXI, é incompatível com a preservação do Estado e da soberania nacional. A comparação com 1945 não é mero recurso retórico: é um alerta de que, quando líderes políticos flertam com a destruição interna, o prejuízo recai sobre toda a população.