Washington – 3 de setembro de 2025 – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) desembarcou nos Estados Unidos para reuniões com representantes da gestão de Donald Trump, levando relatos do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista de 8 de janeiro de 2023. O parlamentar insiste em uma campanha internacional por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, com o objetivo de enfraquecer o processo que pode levar seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, à prisão.
Relato do julgamento como arma política
Segundo informações da colunista Bela Megale, de O Globo, Eduardo Bolsonaro pretende apresentar trechos do julgamento em reuniões privadas como supostas “provas de ilegalidades” atribuídas ao relator Alexandre de Moraes. O discurso busca consolidar a narrativa de perseguição política e mobilizar aliados republicanos em Washington.
O deputado, investigado e atualmente licenciado, não acompanhou a sessão do STF nesta terça (2) e tampouco assistirá à de quarta (3), quando está prevista a sustentação da defesa de Jair Bolsonaro. A estratégia é transformar cada avanço do julgamento em material para a ofensiva internacional.
Sanções e anistia articuladas com apoio externo
Um dos principais articuladores da ofensiva, Paulo Figueiredo – neto do último presidente da ditadura militar e ex-apresentador da Jovem Pan – confirmou que o grupo mantém interlocução constante com figuras próximas a Donald Trump.
“Sempre mantemos eles atualizados sobre os acontecimentos”, afirmou Figueiredo.
Nos encontros, além da pauta de sanções contra Moraes, também estão em debate propostas de anistia para golpistas, tema que avança em ritmo acelerado no Congresso Nacional sob patrocínio de aliados de Bolsonaro como Tarcísio de Freitas e Silas Malafaia.
Pressão internacional como estratégia
A expectativa de Eduardo Bolsonaro é que eventuais sanções de Washington contra Alexandre de Moraes produzam impacto político interno, pressionando a Suprema Corte e setores do Congresso a reverem o processo.
A manobra reforça a aposta do núcleo bolsonarista em internacionalizar o embate judicial, na tentativa de sustentar a falsa narrativa de perseguição e deslegitimar o julgamento no STF. O movimento também revela a aposta no alinhamento com a extrema direita norte-americana, hoje fortalecida pela volta de Donald Trump ao poder.
Conclusão
A viagem de Eduardo Bolsonaro expõe a estratégia de transformar o julgamento do 8 de janeiro em palco internacional, com pressões externas contra o STF e tentativas de blindagem para Jair Bolsonaro. O gesto amplia a crise institucional e evidencia a instrumentalização política da relação com os Estados Unidos.