Já passou da hora

Eduardo Bolsonaro pode ter mandato cassado por faltas e conflito com Centrão

Deputado federal enfrenta processo no Conselho de Ética e isolamento no Congresso ao permanecer nos EUA após licença

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Eduardo Bolsonaro

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acumula faltas não justificadas nas sessões da Câmara dos Deputados, o que ameaça seu mandato. A cassação é dada como certa por interlocutores do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já que Eduardo permanece nos Estados Unidos além do período máximo de licença não remunerada previsto no Regimento Interno.

Processo ético e desgaste político no Congresso

Além das faltas, Eduardo enfrenta um processo no Conselho de Ética a pedido do PT, que o acusa de quebra de decoro parlamentar. O relator, Marcelo Freitas (União-MG), recomendou arquivamento, mas a decisão caberá ao colegiado, majoritariamente composto por deputados do Centrão. Esse bloco político é decisivo para o futuro do deputado.

Paralelamente, a presidência da Câmara avalia cassação por excesso de faltas, enquanto o PL tenta aprovar alteração no regimento para aumentar o tempo de afastamento sem remuneração, tentando evitar a perda do mandato.

Conflitos crescentes com o Centrão

Nas últimas semanas, Eduardo ampliou seu isolamento político ao atacar lideranças fortes do Centrão, como Ciro Nogueira (PP), Valdemar Costa Neto (PL) e Tereza Cristina (PP), além de governadores conservadores aliados do bloco. Nas redes sociais, classificou aliados do pai e governadores de direita de “abutres” e os acusou de misturar interesses pessoais com os do país.

Esse comportamento enfraquece seu apoio justamente no grupo que detém o poder decisório sobre seu destino na Câmara, criando uma situação paradoxal: depende do Centrão para barrar a cassação, mas desgasta sua relação com seus membros.

Atuação nos Estados Unidos e repercussões

Nos EUA, Eduardo tem se reunido com influenciadores e autoridades, tentando frear negociações em torno do “tarifaço”. Ele foi fotografado em Washington, supostamente negociando para manter sanções contra o Brasil. A estratégia é mal recebida por aliados do Centrão, que não veem essas pressões externas como prioridade para o país.

Cenário político e perspectivas

Apesar dos conflitos, Eduardo insiste em se posicionar como herdeiro político de seu pai, Jair Bolsonaro, e como possível candidato à Presidência em 2026, defendendo a voz da direita mesmo com a possível impossibilidade da candidatura do pai. Essa atitude tem ampliado a tensão com o Centrão, que o considera um fator de instabilidade dentro do campo conservador.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.