O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o golpista Paulo Figueiredo tentaram sabotar o encontro diplomático entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na última quarta-feira (15), em Washington. A tentativa fracassou: os dois foram “chutados” do Departamento de Estado, segundo revelou a jornalista Maria Cristina Fernandes, durante o programa Central GloboNews.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo são barrados em Washington
De acordo com o relato de Maria Cristina Fernandes, a passagem dos dois bolsonaristas pelo órgão diplomático foi breve e constrangedora.
“O relato que se tem é que os dois chegaram lá e foi uma passagem fugidia, porque disseram para eles: ‘Olha, mudou a agenda, mudaram as prioridades. Por causa da China, a gente está precisando do Brasil’. E puseram os dois para correr”, relatou a jornalista.
A comunicadora destacou que nenhum dos dois foi recebido por Marco Rubio, e que a presença não estava prevista na agenda oficial do Departamento de Estado. “Eles rasparam pelo prédio, não se demoraram lá. Não conseguiram sequer ser atendidos”, completou.
O episódio expôs mais uma tentativa de Eduardo Bolsonaro de desgastar a imagem internacional do governo brasileiro, especialmente em um momento de reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
Tentativa de desinformação nas redes sociais
Horas após o constrangimento, o parlamentar usou as redes sociais para atacar o governo Lula e minimizar o conteúdo da reunião. Em vídeo publicado no X (antigo Twitter), o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que “tudo que o Brasil pediu, não conseguiu nada” e acusou o Itamaraty de “fracassar nas negociações”.
As alegações, porém, não foram acompanhadas de dados ou fontes oficiais. O deputado mencionou temas como vistos, tarifas e mediação na crise da Venezuela, mas sem apresentar provas concretas. A tentativa de distorcer o resultado diplomático foi vista por analistas como mais um gesto de sabotagem política, alinhado à estratégia de desgaste do governo no cenário internacional.
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Encontro entre Brasil e EUA teve resultado positivo
O comunicado oficial conjunto divulgado após a reunião de Mauro Vieira e Marco Rubio descreveu o encontro como “positivo e produtivo”. A conversa, que durou cerca de uma hora, marcou a retomada do diálogo de alto nível entre os dois países e abriu caminho para cooperação em comércio, energia e meio ambiente.
Segundo a nota oficial:
“O Secretário de Estado Marco Rubio e o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, mantiveram conversas muito positivas sobre comércio e questões bilaterais. Ambas as partes concordaram em trabalhar conjuntamente pela realização de uma reunião entre o Presidente Donald Trump e o Presidente Lula na primeira oportunidade possível.”
A diplomacia brasileira considera o resultado um avanço importante após anos de tensão entre os dois países, especialmente durante o governo Bolsonaro, quando o Brasil se isolou de fóruns multilaterais e rompeu pontes com parceiros históricos.
Golpismo e isolamento político
A presença de Paulo Figueiredo, neto do último ditador militar brasileiro, e aliado da extrema-direita norte-americana, foi interpretada por diplomatas como um ato de provocação e desrespeito ao protocolo internacional. Ambos são conhecidos por difundir teorias golpistas e desinformação sobre o governo Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente em plataformas digitais.
A tentativa de criar constrangimento durante uma missão oficial ilustra, segundo fontes do Itamaraty, “o comportamento irresponsável de atores políticos que tentam sabotar o reposicionamento internacional do Brasil”.
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Diplomacia retomada com firmeza
Desde o início de 2023, o governo Lula vem reconstruindo as relações internacionais abaladas pelo isolacionismo bolsonarista. O chanceler Mauro Vieira tem priorizado relações pragmáticas e equilibradas, tanto com os Estados Unidos quanto com China e União Europeia, reforçando o papel do Brasil como potência diplomática no Sul Global.
A reunião com Marco Rubio faz parte dessa estratégia. Fontes diplomáticas afirmam que os Estados Unidos reconhecem o papel-chave do Brasil nas negociações globais de energia limpa e estabilidade regional, especialmente frente às tensões na Venezuela e na Amazônia.

