Belo Horizonte, 26 de junho de 2025 – O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (ex-PMDB, hoje sem partido) foi recebido nesta quinta-feira com gritos de “ladrão” e “traidor” por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais. A cena constrangedora marca mais um episódio da tentativa do ex-deputado de voltar à cena política, agora mirando uma vaga por Minas em 2026.
Os ataques partiram de bolsonaristas que aguardavam a chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro para um evento partidário na região da Pampulha. Apesar da coincidência de horários, não há confirmação de encontro entre Bolsonaro e Cunha — ao menos oficialmente.
Rejeição pública e ambição eleitoral
Cunha tenta se viabilizar eleitoralmente após um fracasso retumbante em 2022, quando tentou uma cadeira na Câmara por São Paulo e obteve apenas 5 mil votos. Agora, busca uma nova legenda, cogitando inclusive se filiar ao próprio PL — partido que agora o repudia publicamente.
Alvo central da Operação Lava Jato, Cunha foi preso entre 2016 e 2021 e teve o mandato cassado por mentir à CPI da Petrobras sobre contas bancárias secretas no exterior. De lá para cá, três de suas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, incluindo uma sentença assinada pelo então juiz Sergio Moro. Ainda assim, a rejeição popular persiste.
Em sua última declaração à Justiça Eleitoral, Cunha informou patrimônio de R$ 14,1 milhões, cifra 420% superior à de 2014. Quase 90% dos recursos foram repatriados da Suíça para fins de reparação judicial.
Tentativa de reabilitação via bolsonarismo
Mesmo com histórico de escândalos e prisão, Cunha tentou se reposicionar politicamente com apoio do bolsonarismo. Em 2022, declarou publicamente apoio à reeleição de Bolsonaro, afirmando que “representaria a mesma luta contra o PT”. A aproximação parecia estratégica: Cunha buscava o símbolo da extrema-direita como atalho para a reabilitação política.
Nos bastidores, a aliança se estreitou. Em maio de 2025, Eduardo Cunha teria recorrido ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, pedindo que intercedesse junto ao ex-presidente para evitar um recurso da AGU que poderia inviabilizar sua candidatura. A informação circula nos bastidores do PL e reforça a tese de um conluio informal entre os dois.
Hostilidade e racha na base
A recepção de hoje revela a tensão entre o núcleo ideológico mais fiel do bolsonarismo e setores oportunistas que tentam se reaproximar do grupo. Com gritos de “fora ladrão” e “traidor do povo”, os apoiadores demonstraram rejeição ao ex-deputado, mesmo ele tendo sido figura-chave no impeachment de Dilma Rousseff — marco inicial da ascensão bolsonarista.
Dani Cunha, filha e sucessora
Enquanto o pai tenta recuperar seu espaço, Danielle Cunha, filha do ex-deputado, mantém assento na Câmara dos Deputados pelo União Brasil-RJ, com 75,8 mil votos obtidos em 2022. Nos bastidores, seu mandato é visto como plataforma para a reconstrução da imagem do clã Cunha no Congresso.
O Carioca Esclarece
A cassação de Eduardo Cunha ocorreu em 2016 por quebra de decoro parlamentar, quando foi acusado de mentir à CPI sobre contas no exterior. A anulação de suas sentenças pelo STF não significa absolvição, mas apenas reconhecimento de vícios processuais.
FAQ – Perguntas Frequentes
Por que Eduardo Cunha foi hostilizado por bolsonaristas?
A base bolsonarista vê Cunha como símbolo de corrupção e oportunismo, apesar da aliança informal entre ambos nos bastidores.
Cunha pode ser candidato em 2026?
Sim, desde que não haja nova condenação válida. Sentenças anteriores foram anuladas, o que o torna elegível no momento.
Bolsonaro e Cunha têm relação política hoje?
Não há relação pública formal, mas fontes relatam tentativas de reaproximação, inclusive com intermediação de Mauro Cid.