Brasília — 9 de julho de 2025 – A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil divulgou nota endossando as falas de Donald Trump em defesa de Jair Bolsonaro, atacando o Supremo Tribunal Federal e acusando o país de “perseguição política”.
Washington bate continência ao bolsonarismo
A diplomacia norte-americana atravessou o Rubicão. Nesta quarta-feira, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil divulgou uma nota que rompe com a praxe da neutralidade diplomática e adota o tom de campanha eleitoral. O texto, redigido pela assessoria de imprensa da missão norte-americana em Brasília, afirma que Jair Bolsonaro e sua família são “fortes parceiros” dos EUA e acusa o Brasil de desrespeitar suas tradições democráticas.
A nota segue o mesmo roteiro traçado por Donald Trump nas redes sociais. Em sua conta na Truth Social, o ex-presidente dos EUA voltou a acusar o Supremo Tribunal Federal de conduzir uma “caça às bruxas” contra seu aliado brasileiro. É a segunda vez em dois dias que Trump se manifesta nesse tom — um alinhamento raro entre figuras públicas e instâncias diplomáticas formais.
“Reforçamos a declaração do presidente Trump”, diz a embaixada, num gesto inusitado de aderência a um discurso político de viés golpista.
Trump: entre a urna e a insurreição
Na segunda-feira, Trump já havia rompido o protocolo ao sugerir que Jair Bolsonaro — mesmo réu por tentativa de golpe de Estado — deveria disputar as eleições de 2026. Ignorando o fato de que o ex-capitão está inelegível até 2030, o republicano escreveu: “O único julgamento que deveria estar ocorrendo neste momento é o julgamento pelos eleitores do Brasil”.
Na sequência, apelou: “DEIXEM BOLSONARO EM PAZ!”. O tom remete à sua própria retórica defensiva frente às investigações que sofreu nos EUA, como o caso da Ucrânia e o conluio russo de 2016.
Bolsonaro, como sempre, reagiu com entusiasmo. Agradeceu publicamente, dizendo-se “feliz” pela solidariedade do aliado.
Lula reage e reafirma soberania institucional
Diante da interferência aberta, o presidente Lula respondeu com firmeza institucional. Em nota oficial, declarou: “Temos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei — sobretudo aqueles que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”.
Aliados tramam sanções e confronto diplomático
Nos bastidores, aliados de Bolsonaro articulam com figuras do Partido Republicano uma ofensiva diplomática. A ideia é pressionar o governo Biden e tentar emplacar sanções simbólicas contra o ministro Alexandre de Moraes, relator das ações que envolvem o ex-presidente.
A atuação coordenada, com respaldo da embaixada e do discurso trumpista, coloca em xeque a postura tradicional da diplomacia americana e aprofunda a tensão entre o bolsonarismo e o Estado democrático brasileiro.
O Diário Carioca Esclarece
- Truth Social: Rede social criada por Donald Trump após ser banido do Twitter. Tornou-se plataforma de difusão da extrema direita nos EUA.
- Bolsonaro réu: O ex-presidente responde no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado e crimes contra o Estado Democrático de Direito.
- Nota diplomática: Em regra, missões diplomáticas não endossam falas políticas. A atitude da embaixada é considerada fora do padrão.
- Sanções simbólicas: Atos diplomáticos que não têm força legal, mas são usados para constranger ou isolar politicamente alvos internacionais.
FAQ (Perguntas Frequentes)
A embaixada dos EUA realmente divulgou uma nota defendendo Bolsonaro?
Sim. A nota foi emitida pela assessoria de imprensa da embaixada em Brasília e repercutiu declarações de Donald Trump.
Por que essa manifestação é considerada grave?
Diplomatas não costumam interferir em assuntos internos. O gesto foi interpretado como endosso a um discurso político contra o Judiciário brasileiro.
Trump pode influenciar decisões do governo Biden?
Não diretamente, mas sua pressão gera ruído político. Ele ainda exerce forte influência sobre o Partido Republicano e seus parlamentares.
