O advogado Frederick Wassef, notório por sua atuação na defesa da família Bolsonaro, foi condenado nesta quarta-feira (17/12/2025) a 1 ano e 9 meses de prisão por injúria racial. A sentença, em regime aberto, é o desfecho jurídico de um episódio de barbárie ocorrido em uma pizzaria de Brasília, onde o defensor teria chamado uma funcionária de “macaca”.
Do cardápio ao preconceito
O caso, que remonta a novembro de 2020, revela um histórico de arrogância no trato com prestadores de serviço. Segundo o Ministério Público, após reclamar da qualidade de uma pizza, Wassef disparou contra a trabalhadora: “Você é uma macaca! Você come o que te derem”. Para o juiz Omar Dantas Lima, a ofensa transbordou “intenso desprezo e escárnio”, ferindo frontalmente a dignidade da vítima.
Além da privação de liberdade, o magistrado impôs ao advogado o pagamento de R$ 6 mil por danos morais. O valor, embora módico diante da gravidade da ofensa, será corrigido desde a data do crime. Testemunhas reforçaram o perfil hostil do réu, relatando episódios em que Wassef jogava caixas de pizza no chão para forçar funcionários a se agacharem, em clara demonstração de complexo de superioridade.
A tese da “conspiração”
Fiel ao estilo de seus clientes mais famosos, Wassef tentou transformar o processo em um palanque de vitimismo político. Em sua defesa, alegou ser alvo de uma “engenharia criminosa” e de uma “fraude arquitetada” para prejudicá-lo financeira e politicamente. Chegou a acusar a funcionária de mentirosa, sugerindo que ela seria um joguete nas mãos de terceiros interessados em sua ruína.
A retórica conspiratória, contudo, ruiu diante do conjunto probatório. Os depoimentos consistentes dos funcionários do estabelecimento e o relato detalhado da vítima serviram de base para a condenação. O advogado, que ficou conhecido como o “anjo” após esconder Fabrício Queiroz em uma de suas propriedades, agora terá que lidar com a mancha de uma condenação por racismo em seu currículo.
Próximos passos jurídicos
A defesa de Frederick Wassef já sinalizou que pretende recorrer da decisão. Por ora, o regime aberto permite que o advogado mantenha sua rotina, mas a sentença marca uma derrota simbólica e jurídica significativa para um dos operadores mais influentes do bolsonarismo nos tribunais superiores.
