A professora Melina Fachin, diretora do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e filha do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, foi alvo de violência no último sábado (13), em Curitiba. Ao deixar a Faculdade de Direito, Melina foi chamada de “lixo comunista” e recebeu uma cusparada de um homem não identificado.
O caso, denunciado nas redes sociais pelo marido da docente, o advogado Marcos Gonçalves, expõe o clima de intimidação contra autoridades, acadêmicos e defensores da democracia, em meio ao avanço da retórica de ódio da extrema direita.
“Agressão covarde” e discurso de ódio
Em comunicado público, Gonçalves classificou o ataque como “agressão covarde” e responsabilizou o radicalismo bolsonarista pela escalada de violência política.
“Esta violência é fruto da irresponsabilidade e da vilania de todos aqueles que se alinharam com o discurso de ódio propalado desde o esgoto do radicalismo de extrema direita”, escreveu.
Segundo ele, o agressor era um homem branco, que não se identificou, e fugiu após o ataque.
Conflito na UFPR dias antes do ataque
O episódio ocorreu poucos dias depois de outro momento de tensão na universidade. Em 10 de setembro, estudantes bloquearam a entrada da Faculdade de Direito em protesto contra um painel organizado por apoiadores de Jair Bolsonaro, intitulado “Como o STF tem alterado a interpretação constitucional?”.
O evento foi cancelado após tentativa de invasão ao prédio pelo vereador Guilherme Kilter (Novo-PR) e pelo advogado bolsonarista Jeffrey Chiquini. Manifestantes relataram ainda violência policial contra os estudantes que resistiam à provocação.
Gonçalves relacionou a agressão a esse contexto e enviou recado direto aos militantes extremistas: “Se alguma coisa além acontecer com a Professora Melina ou com alguém da nossa família, vocês não serão apenas os responsáveis, vocês receberão o mesmo jugo.”
Reação da comunidade acadêmica
A hostilidade contra Melina Fachin gerou reação imediata da comunidade acadêmica e de instituições ligadas à defesa dos direitos humanos.
O Centro de Estudos da Constituição da UFPR divulgou nota afirmando que o episódio foi uma tentativa de intimidação e um ataque aos valores democráticos da universidade pública.
Outras entidades, como o Projeto das Promotoras Legais Populares de Curitiba e o Grupo de Pesquisa em Direito Constitucional da UFMT, prestaram solidariedade à professora e destacaram sua trajetória na defesa dos direitos humanos e da democracia.


