Em Brasília, neste domingo (7), Flávio Bolsonaro voltou a criar tensão no cenário político ao afirmar que pode desistir da pré-candidatura presidencial de 2026 caso suas exigências avancem nas negociações do Congresso. A declaração ocorreu após sua participação em um culto religioso na capital federal.
Com tom de pressão explícita, o senador condicionou sua permanência na disputa à tramitação da anistia para condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, medida que inclui seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Eu tenho um preço para isso. (…) Espero que a gente paute essa semana a anistia”, afirmou, pressionando as lideranças do Legislativo. O gesto foi interpretado como uma tentativa de chantagem política que confronta princípios democráticos e busca favorecer envolvidos em ataques às instituições.
Pressão sobre o Congresso e articulação com o centrão
Flávio afirmou que seguirá conversando com Valdemar Costa Neto, Marcos Pereira e Antonio Rueda, principais figuras do centrão, para forçar a votação da anistia. Segundo ele, as negociações estão “intensas” e a direita busca se reorganizar para 2026.
O senador disse ainda que, caso permaneça candidato, pretende se apresentar como um “Bolsonaro mais centrado” e capaz de “pacificar o país”. O discurso contrasta com o histórico de ataques às instituições do grupo político que representa.
Cálculos eleitorais e impacto interno
Flávio reconheceu que sua pré-candidatura gerou “surpresa” e colocou pressão sobre as articulações internas da direita, especialmente após a prisão de Jair Bolsonaro, que acelerou a reorganização do bloco.
Pesquisas recentes, como a do Datafolha, indicam que ele enfrenta alta rejeição (38%), enquanto Tarcísio de Freitas mantém 20% e ainda é visto por caciques do centrão como o nome mais competitivo da direita para 2026.
O que está em jogo
As declarações de Flávio Bolsonaro representam mais um episódio da estratégia da extrema direita de pressionar instituições democráticas para obter benefícios pessoais e políticos, sobretudo no caso da anistia a golpistas — um retrocesso grave e incompatível com o Estado de Direito.
A tentativa de condicionar uma pré-candidatura presidencial à aprovação de um projeto que favorece condenados por ataques à democracia levanta alertas necessários:
- Normalizar chantagem política enfraquece a institucionalidade democrática.
- Ameaças veladas ou pressões explícitas não podem pautar a agenda do Legislativo.
- Anistiar crimes contra as instituições abre precedentes perigosos e incentiva novos ataques autoritários.
A defesa da democracia exige transparência, respeito ao devido processo legal e rejeição a qualquer forma de barganha que pretenda apagar crimes políticos ou reescrever a história recente do país.
