Rio de Janeiro, 26 de julho de 2025 — A indefinição sobre a sucessão presidencial na direita expôs o racha entre os filhos de Jair Bolsonaro, com Flávio e Eduardo adotando estratégias divergentes na corrida por espaço político em 2026.
Estratégias opostas dividem a família Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro, visto como o mais pragmático do clã, tem adotado postura cautelosa e buscado alianças com partidos do Centrão. Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro, licenciado e refugiado nos Estados Unidos, intensificou ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao ministro Alexandre de Moraes e até a aliados da própria direita, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema.
A divergência se tornou evidente nos últimos dias, quando Flávio interrompeu férias na Europa para assinar novo pedido de impeachment contra Moraes, após sofrer críticas de apoiadores mais radicais. Ao mesmo tempo, tentou manter diálogo com líderes como Ciro Nogueira e Antonio Rueda, mirando articulações que poderiam sustentá-lo como alternativa viável à Presidência.
Eduardo radicaliza e mira até aliados
Em contraste, Eduardo Bolsonaro tem dobrado a aposta no discurso extremado. Mesmo exilado politicamente e alvo de investigações, o deputado passou a mirar figuras próximas ao bolsonarismo, como o deputado Nikolas Ferreira e até integrantes do próprio PL. A ofensiva tem causado ruídos dentro da base de apoio do ex-presidente, dificultando a costura de uma candidatura de consenso.
Aliados avaliam que o comportamento do deputado licenciado pode minar as chances de reunificação da direita, afastando apoios estratégicos e enfraquecendo a imagem do grupo junto a legendas com força eleitoral.
Tarifaço de Trump expõe nova fratura
A tensão familiar se agravou com o tarifaço anunciado por Donald Trump, que impôs sanções de até 50% sobre produtos brasileiros, condicionando sua retirada à anistia de Jair Bolsonaro e ao impeachment de Moraes. A medida provocou embaraço no campo bolsonarista: Flávio oscilou entre a crítica inicial e o alinhamento posterior ao discurso do irmão.
Apesar disso, o senador tenta preservar pontes com setores moderados da política nacional, enquanto Eduardo insiste em pautas radicais, mesmo isolado fisicamente e juridicamente do debate eleitoral.
PL observa, mas ainda espera decisão de Bolsonaro
Com Jair Bolsonaro inelegível, réu em múltiplos processos e proibido de ocupar cargos públicos, a cúpula do PL já discute nomes alternativos. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, e senadores como Carlos Portinho passaram a considerar Flávio como um articulador mais viável, capaz de dialogar com o Congresso e manter a base unificada.
Ainda assim, setores do partido resistem a abandonar a sombra de Bolsonaro, que insiste em se apresentar como candidato legítimo à sucessão de Lula, mesmo diante das restrições legais.
Impasse atrasa definição da direita
A ausência de uma liderança consensual trava o calendário eleitoral da oposição. Enquanto Flávio tenta consolidar sua posição como figura moderada e viável, Eduardo aposta no confronto direto com instituições e adversários — incluindo antigos aliados. A disputa interna, longe de ser resolvida, coloca o futuro do bolsonarismo em xeque e abre espaço para outras forças da direita disputarem protagonismo em 2026.
FAQ – Perguntas frequentes
Flávio Bolsonaro será o candidato da direita em 2026?
Ainda não há definição. O nome dele ganhou força entre lideranças do PL, mas depende da articulação interna e da desistência definitiva de Jair Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro pode disputar a eleição?
Atualmente licenciado e foragido nos EUA, enfrenta obstáculos jurídicos e políticos. Sua radicalização afasta possíveis apoios eleitorais.
O que motivou a divisão entre os irmãos?
Diferenças de estratégia política e disputa por protagonismo no vácuo deixado por Bolsonaro pai.
A direita terá um nome de consenso?
Ainda é incerto. As divisões internas dificultam a consolidação de uma candidatura unificada.
Qual o impacto das tarifas de Trump?
Geraram nova divisão no bolsonarismo e colocaram pressão internacional sobre o Brasil, com exigências controversas ligadas à pauta golpista.
