Galípolo diz que tratou com Alexandre de Moraes da Lei Magnitsky, não do Banco Master

Presidente do Banco Central nega pressão do ministro do STF e afirma que conversas abordaram sanções dos EUA, não decisões da autoridade monetária.
por 22 de dezembro de 2025
Foto: © Lula Marques/ Agência Brasil
Foto: © Lula Marques/ Agência Brasil
Atualizado em 22/12/2025 22:17

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, confirmou que manteve conversas com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, motivadas pela preocupação do magistrado com os efeitos da aplicação da Lei Magnitsky.

As sanções, impostas pelos Estados Unidos em julho de 2025, restringem operações financeiras de pessoas atingidas em instituições com vínculos com o sistema bancário norte-americano.

Segundo Galípolo, os diálogos não envolveram o Banco Master nem qualquer pedido relacionado a decisões da autoridade monetária.

O Banco Central informou que não divulgará comunicados oficiais sobre o conteúdo dessas conversas mantidas ao longo dos últimos meses.

Conversas sem pedido, sem pressão

Relatos atribuídos ao presidente do BC apontam que os contatos ocorreram de forma amistosa e sem qualquer solicitação ligada a interferências regulatórias ou administrativas. Galípolo tem reiterado que não sofreu pressão do ministro do STF em nenhum momento.

A explicação contraria a matéria publicada pela jornalista Malu Gaspar, nesta segunda-feira (22), em O Globo, que atribui a Alexandre de Moraes uma suposta tentativa de pressão sobre o presidente do Banco Central em favor de interesses de Daniel Vorcaro e do Banco Master, em razão de contrato firmado com o escritório de Viviane, esposa do ministro.

Venda vetada e liquidação consumada

De acordo com Galípolo, não houve qualquer interferência de Moraes na tentativa de venda do Banco Master ao BRB, nem no processo de liquidação da instituição. A operação de venda foi vetada pelo Banco Central em setembro de 2025, e a liquidação ocorreu posteriormente, em novembro do mesmo ano.

Rumores sobre supostas pressões começaram a circular em Brasília e no mercado financeiro a partir de outubro de 2025. Banqueiros da região da avenida Faria Lima relataram comentários atribuídos ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre contatos frequentes entre Moraes e Galípolo no período anterior ao veto da operação.

Versões e negativas

Segundo essas versões, Galípolo teria comunicado o episódio ao próprio Lula, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a integrantes do STF. O presidente do Banco Central, no entanto, nega de forma reiterada ter se sentido pressionado ou ter apresentado mensagens de teor indevido envolvendo Alexandre de Moraes.

O caso ganhou novo fôlego após a divulgação de que a advogada Viviane Barci, esposa do ministro do STF, foi contratada pelo Banco Master. Os valores e detalhes do contrato não foram integralmente divulgados, e nem a advogada nem a instituição contestaram os números tornados públicos de forma parcial.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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