O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), usou as redes sociais neste domingo (7) para responder às críticas contra o Judiciário. Sem citar nomes, rebateu diretamente o discurso da extrema direita, afirmando que “não há, no Brasil, ditadura da toga, tampouco ministros agindo como tiranos”.
A declaração ocorreu poucas horas após os atos organizados por políticos bolsonaristas e grupos religiosos na Avenida Paulista, em defesa da anistia a Jair Bolsonaro e aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Defesa da democracia
Gilmar Mendes afirmou que o STF atua como guardião da Constituição e do Estado de Direito, preservando as garantias fundamentais asseguradas a todos os cidadãos.
“No Dia da Independência, é oportuno reiterar que a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições, mas do seu fortalecimento”, escreveu o ministro.
Sem mencionar diretamente Bolsonaro, Mendes fez referência ao legado do ex-presidente e de seus apoiadores: ameaças ao sistema eleitoral, a negligência com vacinas na pandemia de covid-19, acampamentos em frente a quartéis pedindo intervenção militar e até planos de assassinato contra autoridades da República.
Crítica indireta a Tarcísio de Freitas
Mais cedo, em discurso no ato bolsonarista na Paulista, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), atacou o ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais sobre a tentativa de golpe, chamando sua atuação de “tirania”.
Gilmar Mendes reagiu de forma indireta:
“O que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo. Crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão. Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam.”
Contexto político
A fala de Mendes ganha peso no momento em que setores da extrema direita tentam desgastar a imagem do STF com narrativas de “tirania judicial”. Ao relembrar a negligência criminosa de Bolsonaro na pandemia e os ataques contra a democracia, o ministro reforça a ideia de que a verdadeira ameaça autoritária não está no Judiciário, mas no bolsonarismo.