Inveja Laranja

Governo ironiza Donald Trump: “O Pix é nosso, my friend”

16 de julho de 2025
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Foto: Reprodução
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Brasília, 16 de julho de 2025 — Após o anúncio de tarifas de 50% por Donald Trump e a abertura de investigação contra o Pix, o governo Lula ironizou a medida com publicação em inglês e reforçou a soberania sobre o sistema de pagamentos.

Planalto responde com deboche à ofensiva trumpista contra o Pix

Em tom provocador e direto, o governo Lula respondeu à nova investida dos Estados Unidos com a arma que mais incomoda o império: soberania. Após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e a abertura de uma investigação contra o Pix, o perfil oficial da Casa Civil publicou: “O Pix é nosso, my friend”. O recado, escrito em inglês, veio acompanhado de uma arte institucional e serviu como resposta pública à carta assinada por Jamieson Greer, representante comercial da gestão Trump.

A mensagem não foi apenas um meme de oportunidade. Foi um posicionamento político. O governo deixou claro que não aceitará a criminalização de soluções tecnológicas nacionais nem a tentativa de sabotagem de uma infraestrutura pública que hoje é usada por mais de 175 milhões de brasileiros.

Investigação dos EUA escancara temor de Washington com soberania digital do Sul

A denúncia dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, alega que o Brasil estaria “prejudicando empresas americanas” ao priorizar soluções locais como o Pix e impor limites à atuação de redes sociais estrangeiras. Entre os tópicos citados estão, absurdamente, até o comércio popular da Rua 25 de Março.

O argumento é o mesmo da cartilha neocolonial: acusar o Sul Global de práticas anticompetitivas sempre que ele tenta construir alternativas autônomas. A investigação menciona “preferência indevida por tecnologias locais”, quando na verdade o que está em jogo é o incômodo com a eficiência de um sistema público, gratuito e descentralizado que deixou os cartões e as maquininhas americanas no chinelo.

Pix é política pública — não produto de mercado

Criado pelo Banco Central em 2020, o Pix não nasceu para competir com gigantes internacionais. Nasceu para garantir acesso universal a meios de pagamento instantâneos. E cumpriu: só no dia 6 de junho de 2025, foram quase 280 milhões de transações, movimentando R$ 135,6 bilhões.

É exatamente por isso que incomoda. Ao contrário de serviços norte-americanos centrados em lucro e vigilância, o Pix é infraestrutura de Estado. Trump ataca o Pix porque não pode controlá-lo. Porque não pode lucrar com ele. Porque não pode vendê-lo.

Deboche é método, mas a disputa é estrutural

A resposta do governo Lula — com ironia, mas sem recuo — marca um novo ciclo na relação do Brasil com os Estados Unidos. O humor ácido da postagem revela um governo que não aceita mais baixar a cabeça, mas também explicita que a disputa não é tecnológica: é geopolítica.

Ao criminalizar o Pix e denunciar políticas de regulação digital como “ataques à liberdade de expressão”, a gestão Trump expõe seu verdadeiro objetivo: impedir que países do Sul construam modelos próprios de governança digital e financeira. A questão não é o Pix. É o poder.

Perguntas e Respostas

Por que Trump está investigando o Pix?
A gestão Trump alega que o Pix prejudica empresas americanas por ser uma solução pública e local preferida no Brasil.

O que o governo brasileiro respondeu?
Ironizou com a frase “O Pix é nosso, my friend” e reafirmou a soberania sobre o sistema.

Qual o impacto do Pix no Brasil?
O Pix é o meio de pagamento mais usado no país, com mais de 175 milhões de usuários e bilhões em movimentações diárias.

Essa investigação pode afetar o Pix?
Não diretamente. Mas é parte de uma pressão geopolítica contra soluções digitais públicas do Sul Global.

Qual o objetivo político da resposta do governo?
Reafirmar a soberania brasileira e não ceder à retórica neocolonial travestida de defesa comercial.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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