Milícia institucional

Grupo de extermínio vendia espionagem e mortes de ministros do STF por R$ 250 mil

Organização criminosa formada por militares e civis, autodenominada "Comando C4", oferecia serviços de espionagem e assassinato sob encomenda, com tabela de preços que incluía ministros do STF, senadores e deputados.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Armas do grupo de extermínio “Comando C4” foram apreendidas pela Polícia Federal. Foto: Reprodução

Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou a existência do “Comando C4” – sigla para “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos” –, uma organização criminosa composta por militares da ativa e da reserva, além de civis, especializada em espionagem e assassinatos sob encomenda.

O grupo mantinha uma tabela de preços para monitorar e eliminar alvos, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), senadores e deputados.

Tabela de execuções: a mercantilização da morte

Documentos apreendidos pela PF indicam que o “Comando C4” cobrava R$ 250 mil para espionar ministros do STF, R$ 150 mil para senadores, R$ 100 mil para deputados e R$ 50 mil para “pessoas comuns”. O grupo utilizava drones e prostitutas como ferramentas de espionagem, além de manter registros detalhados de suas operações.

O assassinato que expôs o esquema

A investigação teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em 5 de dezembro de 2023, em Cuiabá (MT). Conhecido como “lobista dos tribunais”, Zampieri foi executado com dez tiros em frente ao seu escritório. No celular da vítima, a PF encontrou registros de negociações de sentenças judiciais e uma lista com nomes de autoridades, incluindo ministros do STF.

Prisões e desdobramentos

Na 7ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada em 28 de maio de 2025, a PF cumpriu cinco mandados de prisão, incluindo o do produtor rural Aníbal Manoel Laurindo, apontado como mandante do assassinato de Zampieri. Outros presos incluem o coronel reformado Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, o instrutor de tiro Hedilerson Fialho Martins Barbosa e o pedreiro Antônio Gomes da Silva, que confessou ser o executor do crime.

A militarização do crime

A participação de militares da ativa e da reserva no “Comando C4” evidencia a infiltração de elementos das Forças Armadas em atividades criminosas, levantando preocupações sobre a militarização do crime organizado e a ameaça à democracia.


O Carioca esclarece (FAQ)

Quem é o “Comando C4”?

É uma organização criminosa formada por militares e civis, especializada em espionagem e assassinatos sob encomenda, com uma tabela de preços para diferentes alvos, incluindo autoridades do Judiciário e Legislativo.

Quais as consequências dessa operação?

A operação resultou na prisão de cinco pessoas e revelou a existência de um grupo paramilitar atuando como milícia institucional, comprometendo a integridade das instituições democráticas.

Como isso afeta a democracia?

A atuação do “Comando C4” representa uma ameaça direta à democracia, ao visar autoridades públicas e operar com a conivência de membros das Forças Armadas, corroendo a confiança nas instituições e no Estado de Direito.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.