Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou a existência do “Comando C4” – sigla para “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos” –, uma organização criminosa composta por militares da ativa e da reserva, além de civis, especializada em espionagem e assassinatos sob encomenda.
O grupo mantinha uma tabela de preços para monitorar e eliminar alvos, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), senadores e deputados.
Tabela de execuções: a mercantilização da morte
Documentos apreendidos pela PF indicam que o “Comando C4” cobrava R$ 250 mil para espionar ministros do STF, R$ 150 mil para senadores, R$ 100 mil para deputados e R$ 50 mil para “pessoas comuns”. O grupo utilizava drones e prostitutas como ferramentas de espionagem, além de manter registros detalhados de suas operações.
O assassinato que expôs o esquema
A investigação teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em 5 de dezembro de 2023, em Cuiabá (MT). Conhecido como “lobista dos tribunais”, Zampieri foi executado com dez tiros em frente ao seu escritório. No celular da vítima, a PF encontrou registros de negociações de sentenças judiciais e uma lista com nomes de autoridades, incluindo ministros do STF.
Prisões e desdobramentos
Na 7ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada em 28 de maio de 2025, a PF cumpriu cinco mandados de prisão, incluindo o do produtor rural Aníbal Manoel Laurindo, apontado como mandante do assassinato de Zampieri. Outros presos incluem o coronel reformado Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, o instrutor de tiro Hedilerson Fialho Martins Barbosa e o pedreiro Antônio Gomes da Silva, que confessou ser o executor do crime.
A militarização do crime
A participação de militares da ativa e da reserva no “Comando C4” evidencia a infiltração de elementos das Forças Armadas em atividades criminosas, levantando preocupações sobre a militarização do crime organizado e a ameaça à democracia.
O Carioca esclarece (FAQ)
Quem é o “Comando C4”?
É uma organização criminosa formada por militares e civis, especializada em espionagem e assassinatos sob encomenda, com uma tabela de preços para diferentes alvos, incluindo autoridades do Judiciário e Legislativo.
Quais as consequências dessa operação?
A operação resultou na prisão de cinco pessoas e revelou a existência de um grupo paramilitar atuando como milícia institucional, comprometendo a integridade das instituições democráticas.
Como isso afeta a democracia?
A atuação do “Comando C4” representa uma ameaça direta à democracia, ao visar autoridades públicas e operar com a conivência de membros das Forças Armadas, corroendo a confiança nas instituições e no Estado de Direito.

