O deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) protagonizou confronto com jornalistas ao ser questionado sobre o Projeto de Lei Antifacção, que está sob sua relatoria, nesta quarta-feira (12) na Câmara dos Deputados. Irritado, Derrite evitou responder diretamente e criticou a cobertura da imprensa.
O episódio aconteceu nos corredores da Câmara, quando Derrite reagiu à pressão da imprensa sobre o andamento e o teor do Projeto de Lei Antifacção, formalmente chamado de Marco Legal do Combate ao Crime Organizado. De forma ríspida, ele afirmou que não haveria texto oficial e pediu respeito, negando diálogo com os jornalistas ao afirmar: “Não, não, não… Não tem texto, tá? Vocês estão me irritando e eu não quero ficar irritado, por favor”.
A repórter respondeu: “É o nosso trabalho”, e o deputado cortou a conversa ao entrar no elevador, dizendo que não queria discutir, questionando se deveriam brigar ou xingar a imprensa.
Na mesma noite do dia 12, Guilherme Derrite apresentou uma nova versão do texto do projeto. As versões anteriores enfrentavam críticas por esvaziar e diminuir a atuação da Polícia Federal, o que gerou forte resistência da oposição e do governo Lula. Para atender a um pleito do Executivo, a alteração prevê a destinação dos bens apreendidos em operações para o Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-Fim da Polícia Federal (Funapol), entidade responsável pelo financiamento e operacionalização da instituição.
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O novo texto de Derrite propõe uma delimitação clara do conceito de “facção criminosa”, substituindo-o pela expressão “organização criminosa ultraviolenta”, e inclui um aumento de penas para crimes cometidos com o uso de drones, equipamentos de contrainteligência e tecnologias de georreferenciamento em operações policiais repressivas. Essas mudanças têm por objetivo reforçar a repressão ao crime organizado, alinhando o projeto às demandas atuais de combate às organizações ilícitas.
Contudo, o projeto ainda enfrenta controvérsias. O relator foi duramente criticado por integrantes da oposição e do próprio governo, que veem na proposta riscos para a soberania nacional e possibilidade de limitar investigações da Polícia Federal contra políticos. A presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), adiou a análise do texto para a próxima terça-feira (18), visando ganhar tempo para negociações e ajustes.
Contexto Político e Implicações
O relatório de Derrite vem sendo considerado pela oposição como um “ataque” à Polícia Federal, enfraquecendo a instituição e restringindo seu papel investigativo, sobretudo em casos envolvendo parlamentares e atores políticos. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), chegou a afirmar que o parecer representa o maior retrocesso histórico contra a PF e destacou reação negativa da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
O acirramento político envolve ainda uma tentativa de reedição da chamada PEC da Blindagem, rejeitada no Senado, que visava restringir investigação e processos contra parlamentares. Essas tensões refletem o ambiente polarizado e a dificuldade de avanços legislativos em temas sensíveis como segurança pública, integridade das instituições e controle político.




