Brasília, 15 de julho de 2025 — Hugo Motta se recusou a ceder à ameaça do deputado Carlos Jordy durante votação da PEC dos Precatórios e reafirmou a legalidade da decisão da Mesa.
Princípios Intransigentes
A sessão da Câmara dos Deputados desta terça (15) expôs em público a tentativa da extrema direita de tensionar o processo legislativo por meio de chantagem explícita. Diante da insatisfação do deputado Carlos Jordy (PL-RJ) com a retirada de um destaque à PEC dos Precatórios, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), respondeu com clareza e firmeza: “Não funciono sob ameaça”.
A frase não foi retórica. Foi ato político — e linha divisória. Em plena sessão deliberativa, o bolsonarismo tentou transformar uma disputa interna do PL em crise institucional. Jordy exigiu a manutenção de um destaque que já havia sido retirado pelo líder da bancada, Sóstenes Cavalcante. Motta não apenas rechaçou a investida como reafirmou a integridade da Secretaria-Geral da Mesa: “Nessa Mesa aqui tem pessoas de bem que jamais tirariam um destaque se não fosse autorizado”.
Tentativa de ameaça exposta em plenário
Ao dizer que o PL orientaria contra a PEC caso o destaque não fosse mantido, Jordy buscou emparedar a Presidência da Câmara. Motta respondeu no ato, sem titubear: “O PL orienta como quiser, mas comigo não funciona. Não vai apresentar o destaque. Não há mais prazo regimental”.
A cena — transmitida ao vivo — rompeu com a prática tolerante que por vezes protege a retórica agressiva do bolsonarismo na Câmara. Motta não cedeu, não contemporizou, não relativizou. Deixou claro que o regimento é o único critério que orienta as decisões da Mesa. E que ameaça, mesmo velada, será tratada como deve: com repúdio público.
Ruptura no PL expõe fragilidade da oposição
A crise foi interna, mas o bolsonarismo tentou projetá-la sobre o Legislativo. Jordy alegou que o líder do PL não havia retirado o destaque. Motta, com base na comunicação formal da liderança, desmentiu. Ao insistir, Jordy passou recibo da desorganização do próprio bloco, tentando responsabilizar a Mesa por uma disputa que é dele com o próprio partido.
Essa dissonância expõe não apenas a fragilidade tática do PL, mas a ruptura entre sua ala institucional e seu núcleo extremista. E revela uma oposição desorientada, que age por impulsos e recorre à chantagem quando perde no regimento.
Regimento, soberania e autoridade parlamentar
A PEC dos Precatórios é apenas o pano técnico da votação. O conteúdo da sessão foi outro: o esforço reiterado da extrema direita em desestabilizar as instituições, deslegitimar os mecanismos internos da Câmara e subverter os ritos legislativos em nome de disputas faccionais.
Ao não permitir que o debate se transformasse em tribunal político, Hugo Motta reafirmou algo que o Brasil não pode perder de vista: o Parlamento tem regras, prazos e autoridade. E quem tenta atropelá-los com ameaças não está em divergência — está em ataque deliberado ao processo democrático.
Voz firme, sem disfarce de moderação
A frase que encerrou o episódio foi definitiva: “Comigo não funciona”. Disse tudo. Sem filtro, sem eufemismo, sem passaporte para o negacionismo parlamentar que o bolsonarismo insiste em tentar reabilitar. Motta não apenas blindou a Mesa da chantagem — também deixou explícito que o PL será responsável por sua própria orientação. E que não haverá concessão ao caos performático.
Enquanto parte da oposição aposta no tumulto como estratégia de sobrevivência política, a Presidência da Câmara assumiu, neste episódio, um papel que há tempos vinha sendo evitado: o de impor limite.
Perguntas e Respostas
O que motivou o confronto entre Motta e Jordy?
Carlos Jordy tentou reverter a retirada de um destaque do PL à PEC dos Precatórios.
O destaque foi retirado legalmente?
Sim. O líder do partido, deputado Sóstenes Cavalcante, autorizou formalmente a retirada.
Houve ameaça de retaliação?
Sim. Jordy disse que o PL orientaria voto contra a PEC caso o destaque não fosse mantido.
Como Motta reagiu à ameaça?
Rejeitou a pressão, reafirmou o regimento e encerrou a discussão: “Comigo não funciona”.
O PL poderá reapresentar o destaque?
Não. O prazo regimental para apresentação de destaques já havia expirado.

