Brasília — 8 de agosto de 2025 — O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta sexta-feira a indicação de afastamento de até seis meses de cinco parlamentares envolvidos no motim que paralisou o Congresso Nacional.
A medida, que ainda será analisada pelo Conselho de Ética, atinge Marcos Pollon (PL-MS), Zé Trovão (PL-SC), Júlia Zanatta (PL-SC), Marcel van Hattem (Novo-RS) e Camila Jara (PT-MS).
Sessões bloqueadas e exigências golpistas
O motim ocorreu quando parlamentares bolsonaristas ocuparam as mesas diretoras da Câmara e do Senado, impedindo o início das sessões legislativas. A ação foi articulada como reação à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Entre as pautas exibidas durante o bloqueio estavam a anistia aos golpistas do 8 de Janeiro, o fim do foro privilegiado e o impeachment de Moraes — uma agenda que confronta frontalmente a ordem democrática.
Ação coordenada e violência física
Segundo a Secretaria-Geral da Mesa, denúncias sobre condutas durante o motim foram encaminhadas à Corregedoria Parlamentar. Representações de PT, PSB e PSOL abriram caminho para a decisão de Motta.
O deputado Marcos Pollon foi o último a deixar a cadeira da presidência da Câmara, depois de insultar Motta publicamente. Zé Trovão é acusado de impedir fisicamente o retorno do presidente à Mesa. Júlia Zanatta usou sua filha de quatro meses no plenário como escudo humano.
A única governista na lista, Camila Jara, foi acusada por Nikolas Ferreira (PL-MG) de empurrá-lo. Ela nega agressão e afirma que apenas afastou o deputado durante o empurra-empurra para restabelecer a ordem.
Conselho de Ética na linha de frente
O Conselho de Ética deve receber, nos próximos dias, mais de 20 representações contra parlamentares ligados ao bolsonarismo. Entre elas, pedidos de suspensão e cassação contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos.
O motim terminou apenas na noite de quarta-feira (6), após mais de 30 horas de bloqueio das atividades legislativas, marcado por correntes, cadeados, esparadrapos e até a presença de um bebê no plenário.