Brasília, 9 de julho de 2025 — O deputado André Janones (Avante-MG) denunciou ter sido vítima de agressão física e importunação sexual por parlamentares bolsonaristas no plenário da Câmara. O ataque ocorreu durante discurso sobre as tarifas impostas por Trump ao Brasil.
Violência política como método parlamentar
O que era para ser mais um debate legislativo se transformou em cena de linchamento coletivo. No momento em que o deputado André Janones criticava a subserviência da extrema direita brasileira a Donald Trump — em plena sessão da Câmara dos Deputados —, foi cercado, insultado, chutado e apalpado por parlamentares bolsonaristas. O episódio escancara o uso da violência física e sexual como estratégia política e revela até onde a bancada do ódio está disposta a ir para silenciar qualquer voz que confronte o projeto de submissão do país a interesses estrangeiros.
A máquina de assédio na Câmara dos Deputados
Segundo boletim registrado na 1ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, Janones foi cercado por cerca de 20 deputados. Entre eles, os bolsonaristas Sargento Gonçalves (PL-RN) e Giovani Cherini (PL-RS). O grupo avançou contra o parlamentar enquanto ele gravava um vídeo criticando Nikolas Ferreira, que discursava em defesa da tarifa de 50% imposta por Trump sobre produtos brasileiros. A cena foi registrada em vídeo e circula entre parlamentares e assessores.
O ataque não se limitou a socos e pontapés. Janones denunciou apalpamentos nas partes íntimas, empurrões e ofensas de cunho homofóbico e sexual, como “vagabundo”, “bandido” e “chupador de rola”. O nível de degradação da cena política brasileira atingiu um novo patamar, onde o plenário da Câmara é convertido em palco de linchamento público.
Quando o autoritarismo se fantasia de liberdade
A agressão aconteceu enquanto Janones denunciava a cumplicidade do bolsonarismo com a política tarifária de Trump, que ameaça diretamente a economia brasileira. A bancada bolsonarista, incapaz de responder ao mérito do discurso, partiu para a tática que melhor conhece: a intimidação física. Não há mais disputa de ideias — há uma tentativa sistemática de eliminar fisicamente adversários políticos.
O silêncio cúmplice da presidência da Câmara
Até o fechamento desta reportagem, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, não havia se manifestado publicamente sobre o episódio. Não houve sessão suspensa, nem nota de repúdio. A omissão institucional diante de um crime cometido em pleno exercício do mandato é um pacto de permissividade. A Câmara falha mais uma vez em proteger seus membros — e legitima a brutalização do debate político.
O que está em jogo não é Janones, é a democracia
A tentativa de silenciamento de André Janones não pode ser lida como caso isolado. É parte de uma escalada autoritária que elege a violência como método. Quando um deputado é agredido por colegas no plenário, não é apenas o corpo dele que está sob ataque — é o próprio direito à divergência política. Não há democracia onde o medo se impõe como argumento. E não há soberania possível onde o corpo dissidente é o primeiro alvo.