O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), utilizou as redes sociais nesta quarta-feira (17/12/2025) para tentar estancar a sangria política causada por rumores de um “balcão de negócios” no Congresso. O senador negou veementemente qualquer acordo que envolva o PL da Dosimetria — projeto que visa abrandar penas para crimes contra o Estado — em troca da aprovação de pautas econômicas de interesse do Planalto.
Barões, “bets” e democracia
Em vídeo, Wagner buscou separar o joio do trigo: de um lado, a agenda governista de taxação sobre bancos, casas de apostas (“bets”) e bilionários; do outro, o desejo da oposição e da bancada conservadora de votar o polêmico projeto que altera o cálculo das penas para golpistas. “Eles querem votar o tal projeto da dosimetria. Nós vamos votar contra”, disparou o senador, tentando desfazer a imagem de que o governo estaria rifando o rigor judicial em troca de arrecadação.
A estratégia de votar ambas as matérias na mesma sessão foi classificada por Wagner como mera dinâmica legislativa, e não uma moeda de troca. Segundo ele, o PT manterá a orientação de voto contrária a qualquer medida que beneficie quem atentou contra as instituições. A legenda que acompanhou o vídeo foi ainda mais direta: “A defesa da democracia não se negocia”.
O fantasma da anistia velada
O PL da Dosimetria é visto por juristas e pela base governista como uma “anistia branca”, desenhada para reduzir as condenações dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Ao tentar acelerar impostos sobre os “super-ricos”, o governo corre o risco de ceder o palco para que a oposição avance com a pauta da impunidade.
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Para Jaques Wagner, a narrativa de que houve um pacto é uma tentativa de desgastar a coerência do partido. “Quem atentou contra a democracia precisa responder por seus crimes”, reiterou, reafirmando o posicionamento histórico da sigla. Contudo, o fato de as pautas caminharem juntas no plenário mantém viva a desconfiança de que, nos bastidores, o pragmatismo econômico pode estar falando mais alto que o rigor democrático.



