Brasília, 21 de junho de 2025 – O discurso de “gente simples” desmorona quando se observa os gastos milionários de figuras centrais do bolsonarismo. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Marcos Pontes torraram, juntos, quase R$ 10 milhões do fundo partidário do PL com fretamento de jatinhos de luxo durante as eleições municipais de 2024. As Informações são do Colunista Guilherme Amado, do PlatôBR.
Os voos, pagos com recursos públicos destinados aos partidos, contrastam frontalmente com a narrativa que o grupo tenta emplacar, especialmente em eventos voltados ao público evangélico e conservador.
O luxo nas asas do fundo partidário
A maior parte dos gastos veio das viagens de Michelle Bolsonaro, que desembolsou R$ 4,8 milhões em apenas 15 voos entre 11 de setembro e 25 de outubro de 2024. Ela voou em um Bombardier Learjet 45, jato executivo de luxo com capacidade para nove passageiros, além de dois tripulantes.
Os registros dos voos não incluem Jair Bolsonaro, mas constam nomes de assessores, funcionários do PL e da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP).
Nikolas Ferreira: discurso de humildade, prática de ostentação
O deputado mais votado do país em 2022 também não ficou para trás. Nikolas Ferreira gastou R$ 3,3 milhões em 15 viagens, utilizando diferentes modelos de aeronaves executivas.
O mineiro voou uma única vez no mesmo modelo de luxo usado por Michelle, mas preferiu, na maioria das vezes, o Learjet 31, também executivo, com capacidade para oito pessoas. Além disso, realizou cinco deslocamentos em um bimotor King Air C90, considerado mais modesto no universo da aviação executiva, mas ainda assim, muito distante da realidade dos eleitores que diz representar.
Marcos Pontes também embarcou no luxo
O ex-ministro e senador Marcos Pontes, conhecido como “astronauta”, completou o trio. Utilizando R$ 903 mil do fundo partidário do PL, realizou quatro viagens entre São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Em uma dessas ocasiões, no dia 14 de setembro de 2024, a própria empresa contratada, Alljet Táxi Aéreo, publicou uma foto ao lado do senador, exaltando o “privilégio” de transportar o astronauta.
A empresa da farra aérea bolsonarista
Todo esse montante milionário foi pago para uma única empresa: a Alljet Táxi Aéreo, com sede em Jundiaí, interior de São Paulo. A contratação levanta questionamentos não apenas sobre os custos, mas também sobre os critérios de escolha da prestadora de serviço e a concentração dos contratos.
Moralismo de jatinho: discurso e prática que não se encontram
Enquanto discursavam sobre “família, Deus e pátria”, o trio bolsonarista viajava em jatos luxuosos pagos com dinheiro público. Nas redes sociais e púlpitos evangélicos, fingiam representar a “família brasileira de bem”, ao mesmo tempo em que ostentavam viagens que custam mais do que a renda de milhares de famílias brasileiras em toda a vida.
Além disso, a prática contraria a própria retórica antipolítica do grupo, que frequentemente ataca o uso de recursos públicos por adversários, mas não se constrange em fazer o mesmo — ou até pior.
Valdemar e a máquina milionária do PL
A farra dos jatinhos se soma ao orçamento milionário destinado ao núcleo feminino do partido, comandado pela própria Michelle Bolsonaro, que recebe mensalmente R$ 860 mil dos cofres do PL, presidido por Valdemar Costa Neto.
Essa engrenagem, mantida com dinheiro público, sustenta não só viagens, mas também eventos, marketing, assessorias e aparições que vendem a imagem de um bolsonarismo “popular”, enquanto é regado a mordomias de alto luxo.
O Carioca Esclarece
O fundo partidário é composto por dinheiro público destinado às legendas para atividades político-partidárias. Embora legal, o uso para fretamento de jatinhos levanta debates sobre moralidade, transparência e alinhamento com o discurso político dos beneficiários.
Perguntas Frequentes (FAQ)
É legal usar fundo partidário para fretar jatinhos?
Sim, é permitido pela legislação, desde que declarado à Justiça Eleitoral. No entanto, há amplo debate sobre a moralidade desse uso, principalmente quando contrasta com o discurso dos políticos.
Por que Michelle Bolsonaro gastou mais?
Michelle realizou 15 viagens em um jato executivo de alto padrão, o que elevou significativamente os custos em comparação aos demais.
Jair Bolsonaro estava nas viagens?
Não há registros de Jair Bolsonaro como passageiro nos voos pagos com o fundo partidário, mas assessores, funcionários do PL e a vice-governadora do DF, Celina Leão, aparecem nas listas.
Com informações da Revista Fórum