Indaial, 28 de julho de 2025 — Uma motociata realizada em celebração ao Dia do Motorista e a São Cristóvão, em Indaial, no Vale do Itajaí, terminou com mais de 200 multas aplicadas pela Polícia Militar de Santa Catarina, provocando revolta entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e gerando ataques à corporação nas redes sociais.
Fiscalização rigorosa transforma celebração em crise bolsonarista
O evento, realizado no domingo (27), reuniu motociclistas e caminhoneiros bolsonaristas em uma carreata religiosa. O 32º Batalhão da PM informou que as autuações se deram por infrações como escapamentos irregulares, ausência de capacete, uso indevido da buzina e buzinaço coletivo durante a procissão. Segundo a corporação, a operação foi conduzida com base no Código de Trânsito Brasileiro, independentemente do caráter simbólico ou religioso da celebração.
Zanatta acusa PM de arbitrariedade e censura
A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC), uma das representantes mais atuantes do bolsonarismo em Santa Catarina, gravou vídeo exaltado em que acusa a PM de agir com “intenção de arrecadar” e denuncia suposta censura nas redes da corporação.
“Abriram a motociata e depois multaram. Um PM aparece num vídeo se gabando das multas, isso é um absurdo”, declarou.
A parlamentar também reagiu contra a moderação nos perfis oficiais da PM:
“A página é pública. Vocês têm que aguentar o povo. É o povo que paga vocês.”
Caminhoneiros reagem com ataques ao governo estadual
As críticas foram ampliadas por vídeos de caminhoneiros bolsonaristas, que denunciaram suposto “dois pesos e duas medidas”. Um dos manifestantes, que se identifica como motorista, armamentista e apoiador da PM, atacou a fiscalização com linguagem agressiva e comparações com eventos como o Carreta Furacão e férias de verão no litoral catarinense.
“Carreta com funk pode, mas quando é carreata cristã, é dedo no c… e multa”, reclamou.
PM responde e reafirma legalidade da operação
A Polícia Militar de Santa Catarina respondeu a diversos comentários nas redes sociais. Questionada sobre a ausência de fiscalização em eventos como a Oktoberfest, a corporação respondeu de forma sucinta: “Algumas”, referindo-se às multas aplicadas nessas ocasiões. Em nota oficial, a PM afirmou que o objetivo da operação era “garantir a ordem pública, o respeito ao sossego e a integridade física dos participantes”, reforçando que nenhum evento está acima da lei.
Conflito entre legalidade e mobilização ideológica
O episódio em Indaial escancara a tensão entre os deveres do Estado e a tentativa da base bolsonarista de criar zonas de exceção em nome da fé ou da ideologia. A reação à fiscalização — que teve respaldo legal e apoio de parte da população incomodada com o barulho — foi marcada por ataques à autoridade pública e uso de pautas religiosas como escudo político.
Conclusão editorial
A resposta virulenta de figuras como Júlia Zanatta à atuação da Polícia Militar reflete um projeto político que exige impunidade para seus próprios atos, mesmo que em desacordo com a lei. O bolsonarismo não aceita regras comuns: reivindica privilégios sob o manto da religiosidade e da mobilização identitária. Ao rejeitar a fiscalização legal de um evento público, seus representantes reforçam o autoritarismo latente do movimento, em confronto direto com as normas democráticas.
FAQ
Quantas multas foram aplicadas na motociata em Indaial?
Mais de 200 infrações de trânsito foram registradas, segundo o 32º Batalhão da PM de Santa Catarina.
Quem está criticando a ação da Polícia Militar?
A deputada federal Júlia Zanatta e apoiadores bolsonaristas nas redes sociais acusam a PM de arbitrariedade e censura.
O evento era político ou religioso?
A motociata foi organizada como celebração ao Dia do Motorista e a São Cristóvão, mas teve forte presença de militância bolsonarista.
A Polícia Militar violou algum direito?
Segundo a própria PM, todas as autuações seguiram a legislação vigente. Nenhum evento, religioso ou não, está imune à fiscalização.
A população local apoiou a operação?
Sim. Muitos moradores elogiaram a ação da PM, citando o barulho excessivo durante o domingo como motivo legítimo para a repressão às irregularidades.