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Licitação escancara conflito de interesses de Davi Alcolumbre no Amapá

por 2 de dezembro de 2025
Davi Alcolumbre - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Davi Alcolumbre - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Atualizado em 02/12/2025 11:38

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), vê um grave escândalo de conflito de interesses estourar no Amapá. A licitação do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) local para contratar publicidade enfrenta contestação.

A agência Grito Propaganda recorre da vitória da Nagib Comunicação, alegando violação dos envelopes de propostas e, mais grave, a relação comercial da vencedora com o senador.

O Sebrae do Amapá, presidido no Conselho Deliberativo por Josiel Alcolumbre (União Brasil-AP), irmão e primeiro suplente de Davi Alcolumbre, é o epicentro do escândalo. A Nagib Comunicação presta serviços de comunicação diretamente ao presidente do Congresso Nacional. Essa conexão suscita críticas severas da concorrente, que exige a anulação do certame.

A Grito Propaganda afirma que o vínculo comercial com a família Alcolumbre configura uma “situação incompatível com a neutralidade exigida no processo licitatório”. Argumenta que a relação representa um conflito de interesses evidente. O recurso protocolado destaca que este cenário “rompe o dever de equidistância institucional”. Cria-se uma “aparência de favorecimento incompatível com a lisura” necessária em licitações de natureza técnica, como as de publicidade.

A denúncia da Grito Propaganda não se limita ao parentesco. A agência aponta suposta violação dos envelopes com propostas de preços antes da sessão de abertura. Segundo a recorrente, tal fato compromete de forma irremediável a integridade e a inviolabilidade do processo.

Por que a relação comercial gera conflito de interesses Sebrae Alcolumbre?

A transparência em licitações exige que todos os participantes compitam em condições de igualdade. O vínculo da Nagib Comunicação com Davi Alcolumbre, cujo irmão Josiel Alcolumbre chefia o conselho do contratante (Sebrae-AP), lança uma sombra sobre este princípio. Esta proximidade indevida sugere que a empresa vencedora poderia ter acesso a informações privilegiadas ou receber tratamento preferencial, violando a moralidade e a impessoalidade administrativas. O caso remete ao clássico dilema cívico, onde a lealdade familiar colide com o dever republicano.

“A mera constatação de uma etiqueta descolada, sem qualquer indício de que o conteúdo do envelope foi acessado, violado ou identificado, não constitui uma irregularidade material capaz de macular o certame.” – Assessoria Jurídica do Sebrae.

A Assessoria Jurídica do Sebrae minimizou as alegações, negando a violação dos envelopes e rechaçando o argumento do parentesco. O órgão afirma que a acusação de conflito de interesse é “genérica e não possui respaldo comprobatório e jurídico”.

Espelho de Dados: O Conflito em Foco

EnvolvidoCargo/RelaçãoFoco da Denúncia
Davi AlcolumbrePresidente do Congresso NacionalVínculo comercial com a Nagib Comunicação.
Josiel AlcolumbrePresidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-APIrmão e suplente de Davi, dirige a entidade licitante.
Nagib ComunicaçãoVencedora da LicitaçãoPresta serviços a Davi Alcolumbre.
Grito PropagandaRecorrente/PerdedoraAlega conflito de interesses e violação de envelopes.

Sugestão de vídeo do Diário Carioca: ‘Os escândalos recentes da família Alcolumbre na política nacional’

Projeção de cenário (PS)

O escândalo possui grande potencial erosivo para a imagem de Davi Alcolumbre, que já enfrenta críticas pela sua gestão no Congresso. Mesmo que o Sebrae-AP tente blindar a licitação, a Justiça e a opinião pública provavelmente pressionarão por uma auditoria independente. A percepção de que a política no Amapá é dominada por oligarquias familiares, onde interesses privados se misturam com o público, será reforçada. O desfecho desta disputa revelará a real capacidade de resistência dos princípios éticos frente ao poder político concentrado.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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