Quase dois meses após sediar a cúpula do Brics no Rio de Janeiro, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma reunião extraordinária virtual entre os 11 chefes de Estado do bloco.
O objetivo é discutir uma resposta coordenada às recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos e defender o multilateralismo.
Lula assume protagonismo
A iniciativa partiu do próprio presidente, que considera crucial fortalecer a coordenação política do Brics diante do atual cenário internacional. A articulação foi delegada ao assessor especial da Presidência e ex-ministro das Relações Exteriores,
Celso Amorim, que já manteve contatos com o chanceler russo Sergei Lavrov sobre o tema.
Na próxima semana, Amorim viajará à China para as cerimônias dos 80 anos da vitória chinesa sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial, evento que reunirá líderes como Vladimir Putin (Rússia), Luong Cuong (Vietnã), Prabowo Subianto (Indonésia) e Anwar Ibrahim (Malásia).
A agenda será aproveitada para reuniões bilaterais reforçando a posição do Brasil sobre a necessidade de uma resposta conjunta às tarifas norte-americanas.
Defesa do multilateralismo
O presidente já havia antecipado em agosto que promoveria o encontro para debater o impacto das medidas unilaterais de Donald Trump.
“Vou falar com todo mundo, para eles se darem conta do que está acontecendo no mundo. E, junto ao Brics, vamos fazer uma teleconferência para discutir o que podemos fazer para melhorar a relação entre todos os países afetados”, afirmou Lula durante cerimônia no Palácio do Planalto.
O Brasil ocupa neste ano a presidência do Brics, que reúne atualmente 11 países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Argentina.
Para Lula, o protagonismo do bloco é uma oportunidade de afirmar o peso político e econômico das principais economias emergentes frente às potências globais.
Tarifas e impacto econômico
As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros como café, carne bovina, aço e manufaturados aumentaram as tensões diplomáticas com os EUA. Lula acusa Trump de enfraquecer o multilateralismo ao negociar individualmente com cada país, reduzindo a capacidade de barganha coletiva.
Segundo o presidente, apenas uma ação coordenada entre os países afetados pode mitigar o impacto das medidas sobre setores estratégicos da economia.