Campo do Meio (MG) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta sexta-feira (7), decretos de desapropriação de terras para fins de reforma agrária, beneficiando 459 famílias do assentamento Quilombo Campo Grande, no sul de Minas Gerais. O anúncio foi feito durante o Ato Nacional em Defesa da Reforma Agrária, marcando a regularização de um território ocupado há quase três décadas.
A área pertencia à antiga usina Ariadnópolis, que decretou falência em 1983, deixando trabalhadores sem indenização. Desde então, as famílias lutam pelo reconhecimento da posse. O decreto presidencial encerra um ciclo de 27 anos de ocupação e 11 despejos forçados.
Quilombo Campo Grande: uma luta histórica
A região abriga 11 acampamentos, entre eles Chico Mendes, Irmã Dorothy Resistência e Vitória da Conquista. Em 2020, durante a pandemia, uma reintegração de posse ordenada pela Justiça resultou na destruição de uma escola comunitária. Dois anos depois, moradores reconstruíram a unidade de ensino.
Atualmente, os agricultores cultivam mais de 150 produtos, incluindo café, milho e frutas. Durante o evento, alguns assentados comercializaram seus alimentos em uma feira organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Acesso a crédito rural e infraestrutura
A regularização permite que os assentados obtenham financiamento agrícola. Nilson Borges, morador há 15 anos, afirma que a titulação da terra facilitará o acesso a linhas de crédito: “Agora, com certeza isso vai melhorar”.
A agricultora Fátima Meira, há 20 anos no assentamento, ressaltou a importância dos decretos: “Isso vai facilitar o acesso à água e energia elétrica”.
Investimentos e expansão da reforma agrária
No evento, Lula assinou sete decretos, abrangendo 13.307 hectares e R$ 189 milhões em investimentos. Além disso, anunciou a destinação de 12.297 lotes para famílias em 138 assentamentos rurais, em 24 estados brasileiros.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), seis novas áreas também foram incluídas na lista de desapropriação, localizadas em Minas Gerais, Pará, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul.
